sábado, 28 de maio de 2011

UMA TRAVESSIA DE RUA

Um simples ato do cotidiano nos remete a suposições formidáveis.
Na minha vinda para a Epamig, hoje, deparei com uma jovem senhora atravessando a Avenida Flávio dos Santos, no bairro Floresta, de mãos dadas com o filhinho de, no máximo, quatro anos. Que cena maravilhosa e singela! Tanta pureza numa situação tão corriqueira, mas que sugere o cuidado e o carinho da mãe com seu rebento, em suas travessias, inclusive aquela por onde sempre deve passar, talvez até mais vezes a cada dia.
O menino, meio cambaleante, conduzido pela mão firme e protetora daquela que não largaria a mãozinha por toda a vida, ainda que simbolicamente.
Um momento desses nos leva a pensar naquelas mães espalhadas pelo mundo afora, com o mesmo instinto protetor sem, contudo, poder exercê-lo por viverem em países atormentados por guerras e revoluções. Quanta injustiça e infelicidades provocadas pelas ambições dos dirigentes dessas pátrias cheias de religiões, preconceitos, maldade fratricida e desprezo pelos seus semelhantes.
Ontem mesmo, num noticiário da TV, assisti a uma dessas cenas que amargam nossa vida e o nosso humor tal a brutalidade com que transcorrem.
Na verdade, esta crônica pretende, somente, chamar a atenção para a maravilhosa qualidade de vida em que vivemos, apesar dessas maracutaias todas dos nossos governos, que passam limpas, sem qualquer julgamento ou punição, e vamos engolindo esses sapos. Não importa, somos maiores do que isso!
Para nós, a vida se encaixa bem na descrição de uma música cantada pelo fabuloso Oscar Peterson, que diz Life´s just a bowl of cherries.
Morar num país livre tem dessas vantagens. É acordar sem se preocupar em carregar
o revólver ou a metralhadora, sair de casa sem estar sendo espreitado por canhões e tanques, com os aviões que sobrevoam nossa cidade carregando somente passageiros, sem bombas, mísseis ou foguetes. Isto acaba sendo uma ode à vida. Como aquela mulher, que seguia pela Rua Pouso Alegre, olhando as vitrines das lojas e que sentiu o cheiro do pão quentinho na padaria e do café no balcão; que foi buscar a sandalhinha no sapateiro da esquina; que até jogou uma fezinha na Mega-Sena e que anda descontraída, sem qualquer pressão, a não ser a de preparar o almoço pro filhinho e depois sentar à frente da televisão, com suas novelas, para esperar o marido chegar do trabalho. Ô vidinha boa!
Com toda esta filosofia barata, convido vocês a abrirem na música Asi se tocan las castañuelas, no setor musical do blog, para assistirem a um belíssimo espetáculo de música bem tocada e castanholas românticas e inspiradoras para a alegria da vida.
Nesta gloriosa manhã do outono, dou um viva à vida!
...y vamos a vivir porque para dormir hay siglos. Arriba, abajo, al centro, siempre juntos, a dentro.
Em Belo Horizonte, 25 de maio de 2011. Quando a Lúcia completaria 71 anos.
Beijos saudosos, querida.