O Carnaval me traz muitas lembranças. Por sorte, mudamos para diversos lugares e fomos experimentando as mais variadas comemorações de Momo pelo Brasil afora. A primeira, Lúcia e eu, ainda muito pequenos, pulamos no Rio de Janeiro. Morávamos numa pensão da Rua Constante Ramos, em Copacabana, creio o ponto mais animado da folia carioca na época, mas não me lembro das escolas de samba. Já, conforme relato da D. Zica, mulher do grande Cartola, na madrugada desta sexta-feira, na Globonews, as escolas existiam, mas desfilavam apenas nos seus próprios bairros: Estácio, Estação Primeira e outros. Ainda, segundo ela, a Mangueira foi fundada em 1927. O que não existia era o Sambódromo, é lógico - invenção do Governador Leonel Brizzola que deixou, junto com o arquiteto Oscar Niemeyer, uma obra construída para servir de palco para atrair turistas, principalmente internacionais, além de dar oportunidade e conforto ao povo carioca para assistirem ao maior espetáculo popular da terra.
Naqueles anos 1943, Lúcia e eu pulamos sem qualquer entusiasmo e de mãos dadas com a mamãe, pelas animadas ruas de Copacabana.
De lá, para Ijuí e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, de onde não me lembro de qualquer festa carnavalesca e nada de nada mesmo. Talvez, por causa do auge da Segunda Grande Guerra Mundial, que inibia qualquer festa ou manifestação de alegria.
No meio do caminho, uma festinha infantil no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte , a Lúcia de baiana e eu de marinheiro.
Num átimo, fomos morar em São Paulo onde conhecemos o Carnaval de raspão, só muito longe da nossa casa em Pinheiros. Lá , o Carnaval era periférico, quase não se ouvia o som dos tamborins e dos pandeiros.
Lembro-me só de um, que fomos passar em Santos para inaugurar o carrão conversível do pai do Zezé e do Ná, um Chevrolet 1954 verde metálico, capota de lona branca, dilacerada pelos foliões bissextos, no Carnaval santista. Já contei essa história em detalhes, numa outra crônica, publicada aqui no ano passado. Lembro-me, ainda, de uns carnavais no Clube Pinheiros, nos salões do aeroporto de Congonhas, num clube de Santo Amaro do qual não me lembro o nome, todos em São Paulo.
Mais um breve espaço de tempo em BH sem Carnaval e chegamos em Ribeirão Preto , onde não vivi nenhuma folia do Momo, pois sempre aproveitava os feriados para vir namorar uma mineira que não gostava da farra. Ou seja, sem lenço, sem documento e sem folia.
Nos Estados Unidos, fui a uma festa pré-carnavalesca em New York , nos amplos salões do Hotel Paramount, animado por uma banda do maestro Booker Pitman, que tocava clarineta. Sua filha, Eliana, cantava e alegrava os brasileiros perdidos na grande metrópole. Foi uma festa e tanto! Muito lança-perfume Rodouro, cervejas Budwiser, Jackie Daniels e Scotch Whisky, que me deixaram de ressaca por uns três dias, isolado e jogado numa cama de molas do Paramount.
Mais uma vez, Belo Horizonte, e desta vez, pra ficar. E, de lá pra cá, só tive a oportunidade de saber sobre Carnaval neste ano, 2012, quando fui convidado, por amigos de um bloco, a compor uma música carnavalesca para comemorar os cinquenta gloriosos anos de folia da agremiação. Inspirado pelo grande Lamartine Babo, optei pela marchinha, que já está no estúdio, em fase de gravação. Se ficar legal, vou disponibilizá-la no You-Tube.
Belo Horizonte, fevereiro/2012
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é, ou, mais corretamente, de ser amado apesar daquilo que você é.” Victor Hugo (1802-1885)
Foto do carnaval no Google