Ó TEMPORA! Ó MORES!
Numa manhã gelada, descemos do carrão
do Arthur - um Buick estalando de novo -, em frente à estação ferroviária de
Highland Park, para mais um dia de trabalho no escritório dele em Chicago, Ill,
USA.
Numa viagem de quarenta minutos e
já estávamos na estação central do subway para embarcarmos num traslado quinze
minutos até a estação down-town,
aonde descíamos e seguíamos a pé por mais dois quarteirões até o enorme prédio
que abrigava a Chapman, Lawyers and Consultants, no 23º andar.
Nossa rotina de trabalho era como
a que eu seguia aqui no Brasil, trabalhando com meu tio e padrinho, o advogado
Dr. Manoel Hermeto, no escritório da Av. Afonso Pena, em Belo Horizonte/MG.
Só que, lá, somente no trajeto demorávamos uma hora e meia entre trens, metrôs
e caminhadas e aqui, eu pegava o trólebus na Cidade Jardim, descia na Av.
Amazonas e mais 50 passos já estava dentro do elevador do Ed. Araújo Silva.
Nos fóruns, tanto o de lá como o
de cá, os procedimentos eram os mesmos: retirada de ações com suas referências
numéricas, um escrevente subia uma escada e catava a ação pleiteada,
assinávamos a contrafé do recebimento e com a dita-cuja na pasta voltávamos
para o escritório para seu exame e providências cabíveis.
Só que naquela data, 1965, já
estavam sendo instalados nos cartórios judiciais dos Estados Unidos, os
primeiros computadores para arquivamento das ações. Os computadores ocupavam
uma área contígua à sala do cartório, com seus armários imensos em metal, uns
conectados aos outros, que se estendiam por todas as quatro paredes da área, de
uns 150 metros
quadrados , talvez.
É inacreditável pensar nisto hoje,
quando os computadores que portamos estão menores do que maços de cigarros e
carregam milhares de informações em suas memórias. E lá se vão apenas 50 anos!
Belo
Horizonte, fevereiro/2015.
rhbrandao@gmail.com
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"Enquanto
os sábios discutem as incertezas, os imbecis atacam de surpresa." Millôr
Fernandes.