Neste mês, começa o Outono, no Brasil. Para o meu gosto, a melhor das estações, seja onde for, em qualquer lugar do planeta, a não ser nos polos, onde só tem uma estação.
O meu gosto está relacionado com os dias de céu extremamente azul e noites estreladas como as do Van Gogh. Já escrevi sobre essas stary nights, quando uma vez, na Dominica, no outono, fiquei encantado pela Via Láctea e cantei a noite inteira.
O Verão brasileiro, por exemplo, é um forno, a Primavera chuvosa, o Inverno é razoável, no entanto, por onde tenho andado, tenho vivido frios e calores insuportáveis. Na Suécia certa feita, fazia 25 graus abaixo de zero e, de outra, suportei 28 negativos, no pior frio que já sofri na minha vida. Foi na cidade de Putney, no sul do estado do Vermont, nos Estados Unidos. Em pleno janeiro, fomos convidados - um grupo de 12 bolsistas brasileiros do programa Experiment in International Living -, para uma temporada de apresentações sobre nosso país, naquela estação de inverno. Os representantes dos oito países que excursionavam pela América do Norte - Brasil, França, Alemanha, Japão, Itália, Noruega e os Congos, belga e francês -, deveriam mostrar, num tempo de duas horas, suas respectivas peculiaridades; entre outras, raça predominante, língua, cultura musical, clima, culinária, com o objetivo de uma futura troca de bolsistas. A parte musical ficou a meu encargo, portanto, cantei mais de duas horas naquele gelo. Foi uma barra pesada encarar aquele frio, que só consegui vencer com uma garrafinha de Jack Daniels, pendurada ao pescoço. Mesmo assim, a experiência foi formidável. O nosso grupo era formado por seis estudantes do Itamarati, da carreira diplomática, mais um médico, um dentista, um advogado - que era eu -, um farmacêutico e uma formanda em Educação Física. Este grupo havia sido selecionado em Campinas/SP, numa prova final, depois de uma seleção entre mais de 500 candidatos/estudantes/brasileiros, matriculados no último ano de suas faculdades. E Ribeirão Preto, onde eu morava, conseguiu emplacar três. O Manoel, o Ronaldo e eu.
De outra feita, em New York , sofri o maior calor da minha vida, 42 graus positivos, numa cidade fechada debaixo daqueles prédios antigos e sombrios. Enquanto caminhava naquele forno novaiorquino, ficava lembrando das nossas férias em Cabo Frio e no Rio que, com temperaturas semelhantes, enfrentávamos de sunga à beira da praia, com muita cerveja gelada e uns camarõezinhos empanados. Ô dureza!
Já a Primavera, em Paris e em Washington é linda! Na capital francesa, as Tulherias florescem em todos os tons, os gramados do Campo de Marte ficam verdejantes e a cidade, como um todo, torna-se um jardim bem cuidado. Uma maravilha! Em Washington, as cerejeiras presenteadas pelo governo japonês no século passado ficam exuberantes na estação das flores. Verde dos gramados e rosa das cerejeiras, um cenário deslumbrante!
No entanto, do Outono só tenho boas lembranças de todos os países por onde andei. Há pouco tempo, em Washington mesmo, estávamos participando de um workshop em desenvolvimento internacional, num belíssimo centro de convenções e fomos passear no espetacular Smithonian Institution onde, num quadrilátero estão a Casa Branca, o Capitólio, os Memoriais de Jefferson e Lincoln, tendo ao centro o Washington Memorial - aquele obelisco de onde se vê, lá de cima, toda a cidade, a praça maravilhosa e as cerejeiras rosas sobre o gramado verdinho e bem cuidado. Nas laterais das construções greco-romanas, estão localizadas a National Library, o Man & Space Museum e a National Galery, entre outros tantos centros culturais e museológicos. É como a nossa não menos espetacular Praça da Liberdade, também com suas atrações culturais, que só perde em tamanho para o Smithonian.
Nesta visita, as árvores soltavam suas folhas vermelhas, amarelas, alaranjadas e verdes, que cobriam o chão com esta fartura de tons, formando um tapete esteticamente inesquecível.
Assim, por estas e outras, posso concluir com toda certeza de que o outono é a rainha das estações, com uma temperatura amena e confortável em qualquer latitude. Mais um viva ao Outono!
Belo Horizonte, março/2012.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Eu caminho vivo no meu sonho estrelado. Vitor Hugo