sábado, 17 de novembro de 2012


O CISNE BRANCO
Nessas manhãs de sábado, pré-almoço na casa da Sônia/Zuza, acontecem coisas inesperadas. Aboletados na varandona -  cervejas e vinhos à vontade -, nossa conversa versa sobre temas variados: política local, brasileira e internacional, casos de família, acontecimentos da semana, antigas histórias e aventuras, comentário sobre uma leitura atual ou sobre alguma obra já lida e por aí vai. E claro, cervejas e vinhos à vontade.
E como gostamos de aviões e mais bichos e máquinas aladas, Zuza e eu ficamos sempre olhando para o céu. A visão da varanda é magnífica, de 360 graus e por lá ficamos até tarde. Certa noite, por exemplo, assistimos, sem saber do que se tratava, ao acoplamento de uma nave à Estação Orbital Russa. Como vivemos buscando discos voadores, notamos uma pequena luz movimentando-se no escuro, muito rápida e com um trajeto certo, em direção a uma luz mais forte. Calados, seguimos a luzinha, que embarcou na luzona e se foram. Ficamos cabreiros com a visão sem fazer qualquer comentário. No dia seguinte, o Zuza me telefonou, dizendo que havia lido no jornal sobre o acoplamento das duas naves sobre o céu do Espírito Santo, e, pelos seus cálculos, localização exata do espetáculo a que assistimos.
Papeando  e tomando todas, vamos  apreciando os pequenos monomotores que saem para seus passeios sabáticos. Já conhecemos todos: um amarelinho às 12:15; um branco e azul e outro branco e vermelho, voando em direções opostas e nos mesmos horários. Também identificamos os diversos helicópteros: o dos Bombeiros; o da Rede Globo, o famoso Globocopter; o da Polícia Militar, alguns particulares e o de aluguel do Restaurante Raja Grill.
Observamos que, hoje em dia, a movimentação aérea sobre a cidade é mais leve. Há alguns anos, quando os aviões de carreira cortavam Belo Horizonte e existia um rádio-compasso na Serra do Curral, sabíamos de todas as suas origens e destinos: Rio, São Paulo, Vitória, Miami  ou o interior do estado.  E, imediamente, identificávamos os tipos e modelos dos equipamentos: Boeing 727 e 737, Airbus A, Cessnas, Mitsubichis, Brasílias, Bandeirantes, Bonanzas, etc. Um divertimento para dois aficcionados por aviação. E tome vinho e cerveja.
Ontem, céu nublado cinza claro, garoa fina, vi uma enorme ave branca com uns dois metros de envergadura, voando sobre os prédios do bairro Gutierrez. Gritei: Olha Zuza, que beleza! E ficamos estupefactos até que ela sumiu atrás do prédio à nossa frente. Observando a trajetória do voo, esperamos a saída dela do outro lado do prédio. Fiquei olhando para cima e não a vi surgir do outro lado, mas o Zuza a viu, um pouco mais abaixo, voando em direção ao Rio, segundo ele.
Discutimos atordoados com a visão repentina e concluímos consensualmente que, pelo porte, pernas longas pretas e pela plumagem branca brilhante, só poderia ser um cisne desgarrado de algum lago próximo e que estava perdido procurando um pouso seguro. Que visão maravilhosa! No ato, lembramo-nos do hino da Marinha Brasileira, “O Cisne Branco”. Cantamos em uníssono e o Zuza concluiu: Isto só pode ser coisa de Deus.
Aquela figura sinistra e bela no ar, lembrou-me daquelas ilustrações dos pterodátilos voando nos céus da era pré-histórica, nos livros de história do ginásio.
E tome mais cerveja e mais vinho!
Belo Horizonte, 10 de novembro de 2012.
Para os que gostam, segue a letra do lindo Hino da Marinha Brasileira, composto por, música: 1º. Sargento (Exército) Antonio Manoel do Espírito Santo e letra: 1º. Tenente (Marinha) Francisco Dias Ribeiro

L E T R A

Qual cisne branco que em noite de lua
Vai deslizando num lago azul.
O meu navio também flutua
Nos verdes mares de Norte a Sul.

Linda galera que em noite apagada
Vai navegando num mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso.

Qual linda garça que aí vai cruzando os ares
Vai navegando 
Sob um belo céu de anil
Minha galera 
Também vai cruzando os mares
Os verdes mares, 
Os mares verdes do Brasil.

Quanta alegria nos traz a volta
À nossa Pátria do coração
Dada por finda a nossa derrota
Temos cumprido nossa missão.



FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Já faz três dias que não falo com minha mulher.  É que não gosto
de interrompê-la.  Milton Berle (1908-2002)