NOITES MAL DORMIDAS
Creio que todos
nós lembramos mais das piores e mal dormidas noites do que das melhores, o que
é um bom sinal, pois significa que a maioria delas foi bem dormida. No meu
caso, sou colecionador dessa extravagância do mal-dormir.
Nos automóveis,
posso até citar as marcas deles todos, a começar pelo Dauphine do Dorival, quando fomos passar o Carnaval acampados na
Ilha Bela, litoral-norte de São Paulo. Havia sido convidado de última hora sem
lugar nas barracas, com todos seus catres ocupados. Era uma para os homens e
outra para as mulheres. Felizmente, dormi uma só noite no carro, porque na
segunda descobri um jeito melhor. Ou ficava nos bailes ou perambulava pela noite
até de manhã, quando, então, meus amigos acampados se levantavam e iam com suas
namoradas para a praia. Aí, era só escolher a vaga e mergulhar no sono profundo
com as odaliscas e havaianas da passada noite.
Outro carro/hospedagem
foi o Volkswagen do meu amigo Celso
“Quatrocentão”. Naquele “fusquinha” foram diversas as noites em viagens pelo
interior de São Paulo e pelo litoral - Guarujá, Santos, Ilha Porchat, Praia
Grande, São Vicente e até mesmo uma chegada ao Rio, quando certo dia lá amanhecemos
sem pouso definido. Acho que essa foi a pior das noites porque o dono do carro
enroscou-se no banco de trás e para mim sobrou a poltrona do carona. Acordei
com o guarda-vidas batendo na janela e advertindo: É proibido estacionar aqui na Avenida Atlântica, moço. Cê vai ser
multado.
A noite da Ilha
Porchat também foi trágica, pois além de muito quente veio acompanhada de
pernilongos,
Outra bem curiosa
foi num Pontiac, numa cidade do
interior de Illinois/EUA, a 25 graus abaixo de zero. Um policial, educadamente, perguntou: You both are sure to be sleeping
here? Congelados,
respondemos, - Yes, Mr. Policeman. Thanks
to protect us. Ocorre que o Pontiac
aquecido era muito confortável, com bancos largos de couro e tudo mais...
Já num Gordini II, este do papai, foram muitas
noites no calor escaldante de Ribeirão Preto. Eu ficava “com vergonha” de
chegar de madrugada e dormia no carro para me apresentar só pela manhã. Felizmente,
não dormia sozinho e mamãe, já coando o café e esquentando o pãozinho de sal, ficava
muito feliz quando me ouvia entrar.
Noite diferente
passei no Karmann-Ghia, também do
amigo “Quatrocentão”, quando voltávamos para São Paulo, carregando o excêntrico
costureiro Clodovil. Sem os documentos, fomos obrigados a dormir no posto da
Polícia Rodoviária e só seguir viagem de manhã, sol a pino, para buscar o
documento em São Paulo. Três no Karmann-Ghia?
Dormi na lataria, sobre o porta-malas.
Naquela época não
havia Lei Seca, mas não permitiam que o motorista flagrado bêbado seguisse
viagem. Por isso é que estou vivo até hoje! GD.
Ah! Houve ainda
aquela noite em Ubatuba, na rede da varanda de uma casa que ficava à beira da estrada
de acesso à cidade. Todos os carros que por ali passavam faziam a gentileza de
dirigir o farol alto para os meus olhos assustados e arregalados, com medo de
que errassem o caminho e entrassem direto na varanda. Um tormento!
(Foto Google)
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
El hombre no deja de enamorarse cuando
envejece, por el contrario:
envejece cuando deja de enamorarse. Pablo
Picasso
