sábado, 2 de julho de 2016

NOITES MAL DORMIDAS
Creio que todos nós lembramos mais das piores e mal dormidas noites do que das melhores, o que é um bom sinal, pois significa que a maioria delas foi bem dormida. No meu caso, sou colecionador dessa extravagância do mal-dormir.
Nos automóveis, posso até citar as marcas deles todos, a começar pelo Dauphine do Dorival, quando fomos passar o Carnaval acampados na Ilha Bela, litoral-norte de São Paulo. Havia sido convidado de última hora sem lugar nas barracas, com todos seus catres ocupados. Era uma para os homens e outra para as mulheres. Felizmente, dormi uma só noite no carro, porque na segunda descobri um jeito melhor. Ou ficava nos bailes ou perambulava pela noite até de manhã, quando, então, meus amigos acampados se levantavam e iam com suas namoradas para a praia. Aí, era só escolher a vaga e mergulhar no sono profundo com as odaliscas e havaianas da passada noite.
Outro carro/hospedagem foi o Volkswagen do meu amigo Celso “Quatrocentão”. Naquele “fusquinha” foram diversas as noites em viagens pelo interior de São Paulo e pelo litoral - Guarujá, Santos, Ilha Porchat, Praia Grande, São Vicente e até mesmo uma chegada ao Rio, quando certo dia lá amanhecemos sem pouso definido. Acho que essa foi a pior das noites porque o dono do carro enroscou-se no banco de trás e para mim sobrou a poltrona do carona. Acordei com o guarda-vidas batendo na janela e advertindo: É proibido estacionar aqui na Avenida Atlântica, moço. Cê vai ser multado.
A noite da Ilha Porchat também foi trágica, pois além de muito quente veio acompanhada de pernilongos,
Outra bem curiosa foi num Pontiac, numa cidade do interior de Illinois/EUA, a 25 graus abaixo de zero.  Um policial, educadamente,  perguntou: You both are sure to be sleeping here? Congelados, respondemos, - Yes, Mr. Policeman. Thanks to protect us. Ocorre que o Pontiac aquecido era muito confortável, com bancos largos de couro e tudo mais...
Já num Gordini II, este do papai, foram muitas noites no calor escaldante de Ribeirão Preto. Eu ficava “com vergonha” de chegar de madrugada e dormia no carro para me apresentar só pela manhã. Felizmente, não dormia sozinho e mamãe, já coando o café e esquentando o pãozinho de sal, ficava muito feliz quando me ouvia entrar.
Noite diferente passei no Karmann-Ghia, também do amigo “Quatrocentão”, quando voltávamos para São Paulo, carregando o excêntrico costureiro Clodovil. Sem os documentos, fomos obrigados a dormir no posto da Polícia Rodoviária e só seguir viagem de manhã, sol a pino, para buscar o documento em São Paulo. Três no Karmann-Ghia? Dormi na lataria, sobre o porta-malas.
Naquela época não havia Lei Seca, mas não permitiam que o motorista flagrado bêbado seguisse viagem. Por isso é que estou vivo até hoje! GD.
Ah! Houve ainda aquela noite em Ubatuba, na rede da varanda de uma casa que ficava à beira da estrada de acesso à cidade. Todos os carros que por ali passavam faziam a gentileza de dirigir o farol alto para os meus olhos assustados e arregalados, com medo de que errassem o caminho e entrassem direto na varanda. Um tormento!
(Foto Google) 
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
El hombre no deja de enamorarse cuando envejece, por el contrario:
envejece cuando deja de enamorarse. Pablo Picasso