segunda-feira, 6 de junho de 2016

A PAULISTA DA MINHA VIDA
Resolvi destacar, dentre tantas, a Paulista que foi a mais importante da minha vida.
No final do ano de 1949, mudamo-nos para São Paulo, papai nomeado professor Assistente da Cadeira de Microbiologia da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo – USP.
Avesso às buscas para encontrar o melhor lugar para morar - ele não tinha a menor paciência - teve a sorte de encontrar-se com o Sr. Natalino, construtor que estava prestes a colocar, para locação, um prédio de apartamentos que havia construído na Rua Teodoro Sampaio, a um quarteirão da Faculdade. Sorte dele, quando alugou o apartamento 2, com sala, dois quartos, banheiro e cozinha, do prédio número 316, da Teodoro. Sorte dele e nossa - da minha irmã Lúcia e minha -, pois fomos morar num ponto onde fizemos parte de uma das mais unidas, fraternas, alegres e felizes turmas das nossas vidas: a turma da Arruda Alvim.
E as paulistas começaram a aparecer na minha vida! Muitas. Cada uma com o seu jeito próprio de ser, porém, uma delas se destacava. Ela era a mais clara, bem iluminada e interessante de todas: a Avenida Paulista.
Os bondes que por ela corriam nos levavam para uma volta no tempo. De um lado, as exuberantes casas dos “barões do café”; do outro, num frenesi, inúmeros prédios sendo construídos para abrigar escritórios, lojas e espaços das mais importantes indústrias e empresas do país.  
Naquela linha de bondes - os famosos camarões vermelhos da CMTC que a cortavam da Consolação até o Paraíso -, viajávamos muitas vezes, descendo no Trianon, para admirar o belíssimo parque da preservada Mata Atlântica, ou no Belvedere, para acompanhar e admirar a construção dos túneis que a cortariam por baixo na Avenida Nove de Julho.
De um lado da Paulista, a burguesia, dos ricos bairros dos Jardins, e do outro era só o centro da cidade.
Com a inauguração do MASP, em 1951, centro de várias manifestações políticas, culturais e sociais, tivemos a chance de conhecer um dos mais importantes acervos da arte das Américas, disponibilizado por Assis Chateaubriand.  
Enfim, era a Paulista que nascia para ser a mais importante da minha vida e, tenho certeza, de todos nós da turma da Arruda Alvim. Nela, desfilamos nossa juventude com namoradas, amantes e amigos, todos vivendo naquele clima de crescimento inédito de São Paulo.
Naquele momento, a cidade estava saindo do status de grande metrópole provinciana para uma mega sede da fortuna dos barões do café e dos imigrantes que por ali haviam se instalado para formar o maior comércio, o maior centro industrial e o mais forte catalisador de negócios da América Latina.
Lembro-me do Clube Homs, de tantos bailes de formatura, do cine Ritz, na esquina da Consolação, da inauguração do Conjunto Nacional, o maior centro comercial do Brasil e da Sears Roebuck, na entrada do bairro Paraíso.
Te amo, Paulista, você está no meu coração para sempre!
Em 04 de junho de 2016.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A propósito da paulicéia:
“Paciência é como dinheiro, difícil de conquistar e fácil de perder.”Anônimo