A PAULISTA DA MINHA VIDA
Resolvi destacar,
dentre tantas, a Paulista que foi a mais importante da minha vida.
No final do ano
de 1949, mudamo-nos para São Paulo, papai nomeado professor Assistente da
Cadeira de Microbiologia da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da
Universidade de São Paulo – USP.
Avesso às buscas
para encontrar o melhor lugar para morar - ele não tinha a menor paciência -
teve a sorte de encontrar-se com o Sr. Natalino, construtor que estava prestes
a colocar, para locação, um prédio de apartamentos que havia construído na Rua
Teodoro Sampaio, a um quarteirão da Faculdade. Sorte dele, quando alugou o
apartamento 2, com sala, dois quartos, banheiro e cozinha, do prédio número
316, da Teodoro. Sorte dele e nossa - da minha irmã Lúcia e minha -, pois fomos
morar num ponto onde fizemos parte de uma das mais unidas, fraternas, alegres e
felizes turmas das nossas vidas: a turma da Arruda Alvim.
E as paulistas
começaram a aparecer na minha vida! Muitas. Cada uma com o seu jeito próprio de
ser, porém, uma delas se destacava. Ela era a mais clara, bem iluminada e interessante
de todas: a Avenida Paulista.
Os bondes que por
ela corriam nos levavam para uma volta no tempo. De um lado, as exuberantes
casas dos “barões do café”; do outro, num frenesi, inúmeros prédios sendo
construídos para abrigar escritórios, lojas e espaços das mais importantes
indústrias e empresas do país.
Naquela linha de
bondes - os famosos camarões vermelhos da CMTC que a cortavam da Consolação até
o Paraíso -, viajávamos muitas vezes, descendo no Trianon, para admirar o belíssimo
parque da preservada Mata Atlântica, ou no Belvedere, para acompanhar e admirar
a construção dos túneis que a cortariam por baixo na Avenida Nove de Julho.
De um lado da
Paulista, a burguesia, dos ricos bairros dos Jardins, e do outro era só o
centro da cidade.
Com a inauguração
do MASP, em 1951, centro de várias manifestações políticas, culturais e sociais,
tivemos a chance de conhecer um dos mais importantes acervos da arte das
Américas, disponibilizado por Assis Chateaubriand.
Enfim, era a Paulista
que nascia para ser a mais importante da minha vida e, tenho certeza, de todos
nós da turma da Arruda Alvim. Nela, desfilamos nossa juventude com namoradas,
amantes e amigos, todos vivendo naquele clima de crescimento inédito de São
Paulo.
Naquele momento, a
cidade estava saindo do status de
grande metrópole provinciana para uma mega sede da fortuna dos barões do café e
dos imigrantes que por ali haviam se instalado para formar o maior comércio, o
maior centro industrial e o mais forte catalisador de negócios da América
Latina.
Lembro-me do
Clube Homs, de tantos bailes de formatura, do cine Ritz, na esquina da
Consolação, da inauguração do Conjunto Nacional, o maior centro comercial do
Brasil e da Sears Roebuck, na entrada do bairro Paraíso.
Te amo, Paulista,
você está no meu coração para sempre!
Em 04 de junho de
2016.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A propósito da
paulicéia:
“Paciência é como
dinheiro, difícil de conquistar e fácil de perder.”Anônimo