sábado, 14 de março de 2015

SAUDADES DO ZÉ
Quando o conheci ele tinha treze anos e o irmão mais novo, dez. Menino sério que andava com um cavaquinho, que lhe fora dado por um empregado da casa. Mal sabia ele que o amigo estaria lhe proporcionando  uma das maiores alegrias da vida. Era o começo de tudo.
Logo que chegava do Colégio Estadual, começava a dedilhar o cavaquinho entre um “para-casa” e outro, e ia nesta balada pelo dia afora.
Naquela época, eu já tocava e dava aulas de violão em Ribeirão Preto. Quando vinha a BH para ver minha namorada, a irmã dele, ele ficava me rodeando para saber se eu estava tocando alguma música nova, pois gostaria de aprender. E eu sempre trazia alguma novidade, pois convivia com os grandes músicos da época. Atento, ele pegava tudo, melhorava as harmonias e ia despontando como um grande violonista. Só por curiosidade, canhoto. Dali pra frente foi uma beleza, tocávamos quase todo dia e ele a cada momento mais craque, pois foi se aprimorando e  estudando com grandes mestres.
Na sua quietude, ele não gostava de bajulações, shows, palmas, nada disso, era um músico introspectivo. E muito bom.
Hoje, muito triste, registro nesta crônica minha admiração por um irmão/amigo, o José Carlos, que perdemos no começo da semana, num acidente de percurso após uma cirurgia relativamente simples.
O Zé era "o mais bom" de todos os homens que eu jamais conheci. Participante, solidário, generoso, dedicado, sempre com um sorriso discreto demonstrando ser feliz com tudo e com todos, naquela vida monástica que havia adotado.
Nunca o vi raivoso ou irado. Não eram do temperamento dele essas emoções descontroladas.
A mulher Magna e os filhos, Bruno, Silvia e Luisa, sentiam nele, tenho certeza,  um protetor inseparável, que abria mão de tudo para lhes dedicar todo o tempo e atenção, pois era a família o seu bem mais precioso. Os irmãos, Sônia, Carminha e Célio, também recebiam dele o maior carinho e atenção e, na sequência, vinha o inseparável, definitivo e adorado violão, cuja paixão havia começado na infância com aquele cavaquinho.
Até a próxima, Zé, e muito obrigado por tudo.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Com sorte você atravessa o mundo, sem sorte você não atravessa a rua. Nelson Rodrigues