SAUDADES DO ZÉ

Logo que chegava do Colégio
Estadual, começava a dedilhar o cavaquinho entre um “para-casa” e outro, e ia
nesta balada pelo dia afora.
Naquela época, eu já tocava e dava
aulas de violão em Ribeirão Preto. Quando vinha a BH para ver minha namorada, a
irmã dele, ele ficava me rodeando para saber se eu estava tocando alguma música
nova, pois gostaria de aprender. E eu sempre trazia alguma novidade, pois
convivia com os grandes músicos da época. Atento, ele pegava tudo, melhorava as
harmonias e ia despontando como um grande violonista. Só por curiosidade,
canhoto. Dali pra frente foi uma beleza, tocávamos quase todo dia e ele a cada
momento mais craque, pois foi se aprimorando e
estudando com grandes mestres.
Na sua quietude, ele não gostava
de bajulações, shows, palmas, nada disso, era um músico introspectivo. E muito
bom.
Hoje, muito triste, registro nesta
crônica minha admiração por um irmão/amigo, o José Carlos, que perdemos no
começo da semana, num acidente de percurso após uma cirurgia relativamente
simples.
O Zé era "o mais bom" de
todos os homens que eu jamais conheci. Participante, solidário, generoso, dedicado, sempre com um sorriso
discreto demonstrando ser feliz com tudo e com todos, naquela vida monástica
que havia adotado.
Nunca o vi raivoso ou irado. Não
eram do temperamento dele essas emoções descontroladas.
A mulher Magna e os filhos, Bruno,
Silvia e Luisa, sentiam nele, tenho certeza,
um protetor inseparável, que abria mão de tudo para lhes dedicar todo o
tempo e atenção, pois era a família o seu bem mais precioso. Os irmãos, Sônia,
Carminha e Célio, também recebiam dele o maior carinho e atenção e, na
sequência, vinha o inseparável, definitivo e adorado violão, cuja paixão havia
começado na infância com aquele cavaquinho.
Até a próxima, Zé, e muito
obrigado por tudo.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Com sorte você atravessa o mundo,
sem sorte você não atravessa a rua. Nelson
Rodrigues