sábado, 3 de março de 2012

NOSTALGIA LONDRINA

                                                     Trafalgar Square
A viagem durou mais de doze horas, no velho BAC One Eleven, da British Caledonian, onde os cariocas do grupo, sempre muito animados, aprontaram uma batucada a bordo, batendo nas laterais do avião com tanto ímpeto que a educadíssima comissária de bordo irlandesa teve que intervir em nome do comandante: The noise is so loud that the Comander is affraid to loose the airplane control. I beg your pardom, please stop.
Mais deslumbrado do que todos, ao descermos em Londres, fui logo beijando a pista do Aeroporto de Gatewick, numa demonstração de total apreço à ilha britânica. O Papa João Paulo II plagiaria o meu ato muitos anos depois.
Após os beijos aeroportuários, fomos de ônibus para o Hotel Kensington Palace, na rua de mesmo nome, em frente ao Hide Park. Nossa ansiedade era tanta que largamos as bagagens nos quartos sem desfazê-las e saímos direto. Queríamos ver tudo, conhecer tudo logo. Ali mesmo, no Hide Park, nos deparamos com um falador, em pé sobre um caixotinho, pregando alguma coisa sobre a Bíblia. Eles se revezam no caixote o dia todo e sempre encontram alguma plateia. Os ingleses chamam este lugar onde eles se apresentam de speakers corner. Achava que isto só acontecia por lá, mas, confirmei que no mundo inteiro existem esses discurseiros, tentando carrear adeptos para alguma religião, uma seita ou mesmo uma facção mais radical. Em São Francisco/CA, são diversos; em New York, nem se fala, e até em Belo Horizonte, passeando uma vez com os meninos, no Parque Municipal, dei de cara com um que ainda, com a maior cara de pau, chamava um lambe-lambe para fotografar o reduzido grupo disposto a ouvi-lo. Devia ser para comprovar para a seita, o seu trabalho do dia. 
Voltando ao primeiro passeio em Londres, chegamos à Kings Road e fomos até o centro nevrálgico da cidade, down town, entrando em quase todas as lojinhas e lojonas, a maioria com produtos indianos ou brechós sofisticados. Numa das lojas da Trafalgar Square - lembrou-me a Sônia -, fiquei louco pra comprar uma gaiola antiga, lindíssima, enorme. Coisa de doido, mesmo. Imagine chegar ao Brasil com uma gaiola de 1,80 m de altura por 1,00 de diâmetro, de madeira entalhada. Só se eu viajasse dentro dela!  
E Londres é ótima. Ninguém presta atenção em ninguém, você anda pelas ruas como se fosse mais um pau de vassoura, dentre todos os que por ali trafegam, ou seja, o povo não é acolhedor, mas a cidade é, talvez pelo fog tradicional e constante que mantém os estrangeiros abraçados como se presos por um grande abraço familiar. Adoramos a cidade.
Numa das noites, o Ronald convidou-nos para uma Jam Session, no Ronnie Scott`s Club, no Soho, famosa casa de jazz inglesa, e lá resolveu fazer uma brincadeira comigo. Nos tira-gostos, com muito Scotch Whisky, sugeriu que eu experimentasse uma mostarda, segundo ele bem levinha que, passada  no pão francês, ficaria sensacional para acompanhar os drinques. “Roberto, pode colocar à vontade que ela é bem fraquinha”- disse ele. E eu abusei, pois adoro mostarda. Era a famosa Colman’s, em creme, um verdadeiro fogo aceso na boca. Comecei a falar com labaredas saindo pra todo lado mas adorei a brincadeira, pois adotei a mostarda como um dos meus apetizers preferidos. Fortíssima e deliciosa.
Andamos, ainda, à cata de um long-play do Nilsson que o Márcio havia comprado no Brasil e eu estava babando de inveja, chamado Aerial Ballet. Encontramos um último exemplar numa lojinha, também no Soho.
Mais uma boa recordação londrina foi o show da Dionne Warwick, no Royal Albert Hall, numa noite gelada. Fomos a pé, congelando, e voltamos num black cab típico.
Estou decidido a ir escrevendo sobre estas memórias viajeiras, homeopáticamente. Assim, vou apresentando minhas versões que ficarão abertas para as outras dos leitores, principalmente dos que participaram dessas viagens aventureiras. É como disse a Maria Ida, cada um tem uma versão sobre as viagens que faz. E é verdade. Mesmo junto e em turma, cada um tem uma maneira de ver as coisas. Creio que o grupo dessa viagem a Londres é o mesmo da crônica “Paris e os pontos cegos”, postada há uns dias, mas posso estar misturando com uma outra que fizemos uns tempos depois. Na verdade, só fui a Londres duas vezes e posso estar misturando as histórias. Please forgive me if I´m mixing.
Próximo capítulo: nosso passeio a Stratford Upon Avon, terra de Shakespeare e Windsor, uma lindíssima vila tombada pelo Patrimônio Mundial.
O Frederico, meu assistente para assuntos bloguistas, informou que o item Comentários está aberto aos leitores e sugere que o comentarista assine sua fala para que todos compartilhem. Por favor, façam seus comentários. Precisamos animar a leitura do blog. Avanti bersaglieri!

Belo Horizonte, fevereiro/2012.


FRASES,PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Se um dia você tiver que escolher entre o mundo e o amor, lembre-se: Se escolher o mundo, ficará sem amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo.” Albert Einstein