segunda-feira, 24 de outubro de 2011

OS SÓSIAS

Parece que hoje, 20/10/2011, livrei-me de um sósia incômodo, há muito tempo citado por amigos - ou inimigos, não sei -, como de incrível semelhança física comigo, especialmente a partir de uma antiga capa da Veja, que exibia um close do ditador, assassino, torturador, tirano, o então presidente da Líbia, Muammar Al Kadafi. Parece que hoje ele se foi, para o bem da sofrida população Líbia. 
É um risco a menos nas minhas viagens internacionais, visto que, vestido como gente normal, estava sujeito a voltar a ser confundido com o extravagante títere africano e sofrer alguma represália ou atentado.
Por outro lado, fico somente com as lembranças de outros sósias ao longo da minha vida, que me deixaram feliz e envaidecido com semelhança mais descontraída, alegre e até elogiosa. Numa feita, em 1965, tomando sol na piscina de um hotel em Miami/Flórida, fui confundido com um príncipe árabe, de cujo nome não me lembro. Recebi um tratamento soberano, por garçons e toda a equipe de serviço do hotel, pois mantive a dúvida e a postura de monarca, comendo e bebendo do bom e do melhor, como um príncipe mesmo, despistado em viagem turística. 
Há um tempo, surgiu no universo internacional uma figura que até eu mesmo vejo alguma semelhança física: o grande tenor espanhol Plácido Domingo, que atua até hoje nos mais famosos palcos do mundo. Em diversas ocasiões e ambientes completamente díspares, fui confundido nessa semelhança.
Numa festa organizada para a da entrega do título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte ao meu amigo Dr. José Carlos Lassi Caldeira, há uns dez ou quinze anos, fui flertado, no saguão da Câmara Municipal, pela filha, a mãe e a tia de uma das famílias dos convidados. Fiquei tão intrigado pela “olhação” das três mulheres bonitas de idades variadas que, depois de algumas cervejas, resolvi pedir ajuda ao José Carlos para perguntar por que me olhavam tanto. Ao constatarem que eu não era quem elas pensavam, as três vieram a mim, desapontadas e uníssonas: “Desculpe-nos, mas você é a cara do tenor Plácido Domingo. Estávamos aguardando ansiosas a sua apresentação aqui hoje. Nós o adoramos.”  Tomei mais um copo de cerveja e fui embora.
Numa outra situação, parado num sinal, me encontro com um velho amigo que, puxando minha cabeça pra fora da janela do carro, falou: “Puxa, Roberto, como você está novo e bonito. E como você se parece com o Plácido Domingo!” Infelizmente, não pude retribuir a gentileza. Recentemente, numa comemoração de “bodas de diamante”, uma senhora bem velhinha, nonagenária talvez, se adiantou e me cumprimentou dizendo: “Gostei muito da sua atuação.” Dei um sorriso amarelo, agradeci, sem saber a que ela se referia.  Perguntei a uma convidada se a conhecia e se podia apurar sobre o entusiasmo da simpática senhora. Uma das anfitriãs da festa, que viu a manifestação daquela que era sua tia, foi logo chutando: “Ela deve ter te confundido com o Plácido Domingo” – e, levantando a taça de champagne, brindou comigo: “Muito bem, Plácido, a que horas você entra em cena?”   
Ainda no ano passado, numa festinha de família, uma concunhada me falou: “Roberto, minhas irmãs te acham muito parecido com o Marcelo Mastroianni, sempre elegante.” Esta semelhança já havia acontecido algumas vezes no passado, quando ambos éramos mais jovens. Aliás, tive uma namoradinha que me falava que, no inverno, eu ficava com a cara do super ator italiano. Especialmente, por causa da capa de gabardine.
Para mim, não podia ser melhor.
E o Felipe ainda me chama de Roberto Banderas. Será?
Belo Horizonte, 20 de outubro de 2011.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio. Sigmund Freud