sábado, 15 de setembro de 2012






O AVIÃO DA RANDRADE E O BUGRE

Quando o Ronald me convidou para ir a São Paulo para visitar a LABACE 2012 - maior feira de aviões executivos na América Latina -, a fim de escolher o novo avião que nos servirá no atendimento aos clientes da Randrade nos próximos anos, não titubeei. Pode marcar, Ronald, e vamos de avião de carreira, pois “o nosso” está na revisão anual e com essa máquina não  se brinca.
A secretária dele reservou hotel, restaurantes y otras cositas e partimos para a minha adorada pátria adotiva. Foi uma temporada muito boa, como nas fotos anexas, onde tivemos a oportunidade de buscar, entre os mais de setenta aviões e helicópteros, o mais adequado para o nosso transporte rápido. Mas, vou deixar de lado esta história cansativa de escolher marcas, potências e modelos de aviões para chegar à parte mais alegre e feliz da nossa viagem.
Combinamos com meus queridos amigos paulistas, um encontro no restaurante A Caverna do Bugre, que já contei numa outra crônica, mas, como faltaram algumas fotos e lembranças, quero registrar por inteiro aquela já saudosa noitada.
O Bugre mudou muito. Antes, uma taverna germânica com lambris e divisórias de madeira, bancos coletivos, mesas com toalhas em xadrez vermelho e um tempero especial do Seo Alexandre para as deliciosas carnes. Hoje, um restaurante legal, arrumadinho, mesas e toalhas normais, sem o charme das incalculáveis noitadas de muita conversa, cerveja e violão. Naquelas noites intermináveis, sob a proteção do Seo Manoel, garçom lusitano carinhosamente chamado de “galego” - que tanto nos serviu e protegeu numa época de dinheiro curtíssimo -, ficávamos repassando a semana vivida nos colégios, nas festas, os  novos namoros e paqueras, enfim, o Bugre era uma espécie de confessionário para os componentes daquela turma de super amigos, quase irmãos, que se encontravam todo santo dia. O Renato magro, que infelizmente nunca mais encontrei, passava lá em casa depois da aula, barba feita, paletó preto surrado – ele não tirava o paletó – para darmos uma chegada até à Rua Augusta, point da jeunesse dorée da Paulicéia Desvairada. Atravessávamos a pé pela avenida em frente ao Hospital das Clínicas, da qual não me lembro do nome, cruzávamos a Rebouças e, rapidamente, nos sentávamos no Flamingo, bar então recentemente inaugurado na Augusta. Nossas namoradinhas de plantão, a Esdraína e a Maud, pessoas formidáveis, logo chegavam. Meávamos a conta e voltávamos para o nosso reduto na Rua Teodoro Sampaio. Era um encontro que, muitos anos depois, passou a ser chamado de “amizade colorida”. Coloridíssíma! Gostaria muito de me encontrar novamente com as duas e o Renato magro.
O destino vai reservando para nós, pobres mortais, lembranças queridas que nos acompanham pela vida afora e vão ficando cada vez mais difíceis de serem revividas. Um dia, talvez, com muita dedicação e vontade, como fizemos naquele noite no Bugre, colocaremos todos juntos de novo. Estou torcendo por isto.
PS. Lembrei-me de que o Dorival, inclusive, ganhou um jantar no Bugre quando ofertou ao Seo Alexandre o desenho de uma cara de índio, que foi emoldurado e dependurado logo na entrada do restaurante. O desenho não está mais lá, talvez esteja abandonado em alguma gaveta na casa dos filhos ou netos do Seo Manoel. Vou conferir!

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Independência é fazer somente o que você quer e não fazer, definitivamente, o que você não quer. O Coiote, primeiro e único