PUTNEY, VERMONT
Numa manhã gelada, - 35º,
saímos para comprar um esquenta-peito e aperitivos para a apresentação que
faríamos à noite, num abrigo/estação de inverno em Putney, Vermont, USA, na
fronteira com o Canadá.
Estávamos reunidos naquela
cidade, todos os estudantes do programa Experiment
in International Living, no ano de 1965 nos Estados Unidos, para uma
reunião de congraçamento. Para animar o encontro e fazer um shaking hands coletivo, eram mais de mil
estudantes, os organizadores do evento sugeriram que cada país, através dos
seus representantes, montasse uma apresentação como julgasse melhor, pela
música, literatura, história, dança, ou o que fosse, que bem representasse a
sua terra.
Decidimos contar a nossa
história recente, éramos mais de cinquenta, mostrando o país no Século XX através
da leitura de um texto que falasse sobre a nossa localização, tamanho,
população, economia, política e relações internacionais, tudo em momentos
pontuais, tendo a música como referência, que ficaria em back-ground.
Os dez estudantes do
Itamarati, iriam contar a história, eu faria a música de fundo com o violão e
voz, e outros encenariam uma movimentação no palco de acordo com a época e o
assunto, andando, dançando, fazendo barulho, cantando comigo, enfim, dramatizariam
com caras, bocas e corpos, de acordo com a história. O momento era delicado
pois estávamos em plena ditadura militar e isto marcava com um especial
interesse dos espectadores para saber como era viver num país sob aquelas
coindições.
Preparei um roteiro para a
minha participação começando com “Mamãe eu quero”, “Aquarela do Brasil” e “Na
Baixa do Sapateiro”, já conhecidas internacionalmente através da Carmen Miranda
e outros músicos que haviam migrado para os Estados Unidos na década de 1940, até
chegar à bossa-nova que vinha despontando na América de costa a costa. Há pouco
tempo, um grupo de bossanovistas havia se apresentado no Carneggie Hall em New York , o João Gilberto
vinha fazendo apresentações em algumas cidades grandes como Chicago, Boston e
Filadélfia e o Sergio Mendes estava se instalando na Califórnia. Era, portanto,
um bom momento para a música brasileira.
Nossa apresentação era a
última daquela noite e fomos tão aplaudidos que permaneci no palco por mais
duas horas, tocando e cantando as músicas que conhecia dos outros países:
França. Inglaterra, Argentina, Israel, Alemanha, Itália e até uns fados
portugueses. Foi uma noite de glória total.
O mais curioso desta história
é que, naquela saída, andamos pela cidade toda e não encontramos nenhum bar,
nenhuma loja de bebidas. Assim, reclamando, nos sentamos pra tomar um chocolate
quente quando a atendente, muito gentil, nos explicou que Putney era uma dry-city, denominação americana das
cidades que não vendem bebidas alcoólicas, e que, se quizéssemos mesmo, era só
andar mais uns três quarteirões que, do outro lado daquela rua, apontou, é uma
outra cidade e lá, vendem bebidas à vontade. Ufa!
Belo Horizonte,
fevereiro/2014
FRASES. PENSAMENTOS E AFORISMOS
Eu
sempre trabalhei com uma coisa linda chamada esperança. Henfil