MEIA HORA NA
AFONSO PENA
Depois de um almoço na Associação Comercial de Minas, oferecido
pela missão comercial de Hong Kong, desci para esperar o motorista na porta do
prédio e lá fiquei observando os passantes e a situação em geral. Eram 14 horas. De
maneira geral, o pessoal que transita por ali é feio, mal vestido e de humor
duvidoso, pois todos de cara amarrada.
Um Fiat Dobló estaciona bem
na porta e saem dois ocupantes: o que conduzia um carrinho de supermercado e um
porta-treco com rodas vira-se para o motorista e fala: “Eu vou demorar, pelo
menos, uma hora pra recolher tudo”. O
outro responde: “Vai tranquilo, eu dou um jeito”. O jeito dele foi abrir o capô da perua, buscar uma garrafa de água
e ficar fingindo que estava arrumando o motor do carro e, muito atento, ficar
observando se aparecia algum fiscal de trânsito. Duas moças - jovens senhoras - param à minha frente e continuam uma conversa que já deviam estar tratando há muito tempo, pois estavam se despedindo e uma tentava convencer a outra.
- Você tem que ir é para casa, eu sei o que você está passando e o jeito é enfrentar a situação.
- Pois é, mas eu queria mesmo era sumir!
Uma grita:
- Não, senhora. Eu vou levar você pra casa e fim de papo.
- Mas eu não tenho mais ambiente, ele nem olha mais pra mim.
- Bobagem, é só você se ajeitar um pouquinho que ele vem de rastro, podes crer.
- Mas eu não quero, estou sem jeito, muito desapontada.
- Queira ou não, eu vou levá-la pra casa - falou a mandona, pegando a amiga pelo braço e a arrastando em direção ao carro dela.
Fiquei distraído ouvindo a discussão delas e não vi uma mocinha, até bonitinha, de jeans bem curtinho, pernas finas e botas, que para na minha frente e diz, entregando-me um cartão: “Não sei se sou o seu tipo, mas tenho certeza de você vai gostar”. No cartão impresso com verniz, dizia, “Fulana de Tal” - Acompanhante de luxo – Fone: (31) xyxyxyxy - fulana.com.br/detal E seguiu caminho olhando para ver se percebia alguma reação da minha parte. Nada.
Viro o rosto e vejo um rapaz vindo em minha direção. Aperto o bolso que estava com a carteira e seguro o celular no outro bolso do paletó. Ele para na minha frente com um papel na mão e pergunta: “Você sabe onde é o xerox?” Disse que não tinha a menor ideia e fiquei prestando atenção numa mulher bem gorda que tentava entrar pela porta do ônibus. Tem um ponto
Nisto, aparece o Paulão, motorista da Epamig, a pé e abanando a mão, no meio da avenida: “Dr. Brandão, não consegui atravessar pra este lado, o carro está lá em frente”, apontando o outro lado da avenida.
Preparava-me para atravessar a avenida quando fui abordado por Mr. Louis Ho, HKTDC Regional Director for the Américas, que falou sorrindo: “Hei Roberto, with this glasses you look like James Bond”. E eu: “But I’m not a spy, Mr. Ho, be sure. See you in
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A tragédia da vida é que
ficamos velhos cedo demais e sábios, tarde demais. Benjamim Franklin