segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ADEUS PAPAGUENO IV
Herança dos meus tios José e Tonico, logo que me casei, decidi manter em casa um passarinho. Não que goste de pássaros engaiolados; mas os canários belgas nascem e são criados em gaiola para alegrar a vida de quem também vive engaiolado em casas e apartamentos diminutos. O bichinho é alegre e inofensivo, come alpiste, vitamina e uma mistura própria para a raça; bebe pouca água e enfeita e anima a vida dos solitários com seu canto bonito e descontraído.
Quando me mudei para a Rua Sergipe, carreguei o meu canário, já na geração IV. Desde o primeiro apartamento da Rua Chicago até agora sempre mantive um pássaro canoro para me ocupar em tratá-lo todas as manhãs e ficar aguardando seu delicioso gorjeio durante o dia. Nas minhas chegadas e partidas, dia e noite, eles sempre me receberam com um canto ou um pio, dependendo da hora. Isto porque os canários não cantam à noite, só piam.
Nesta semana, foi a vez da partida do Papagueno IV, que morreu mesmo feito um passarinho, caído no fundo da gaiola. Coitadinho, até pra morrer não deu trabalho. Embrulhei-o numa folha de jornal e o coloquei na lixeira. Simples assim.
A toca do Brandão ficou mais vazia. A presença daquela figurinha me trazia aconchego, um sentimento de chegar em casa e  me sentir acompanhado, registrado com um simples piado ou com uma sequência de gorjeios e trinados realmente confortadores e sinceros.
Foram mais de quarenta anos acompanhado pelos Papaguenos I,II, III e IV.
O nome foi sugerido pelo meu compadre Flávio Simão, referindo-se a um personagem-pássaro da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart.
Agora, estou aguardando ansioso o novo companheiro, o Papagueno V, para suceder o velho que me foi oferecido pelo meu filho Frederico, também doador do IV, que veio de Sete Lagoas, quando eles se mudaram para Belo Horizonte. Será que os canários de BH cantam diferente dos canários de Sete Lagoas?
Belo Horizonte, dezembro/2015.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

“O homem é a mais insana das espécies. Adora um Deus invisível e mata a Natureza visível, sem perceber que a Natureza que ele mata, é esse Deus invisível que ele adora.” Hubert Reeves