Na sábado, dia 16 de julho de 2011, fui dormir muito triste: uma santinha morreu.
Pessoas que passam pela vida sem nenhum interesse de aparecer, de se mostrar, de se impor são figuras raras. A Dona Santa era assim, nasceu para servir com muito amor e carinho, sempre feliz e com a carinha boa. Com seus profundos olhos azuis da cor do mar, observava a todos sempre calma e serenamente. Por toda a vida, sempre foi prestativa e dedicada ao marido - o sereno Dr. Célio –, aos filhos Sônia Maria, Maria do Carmo, José Carlos e Célio; aos netos Caio, Natália, Pedro, Frederico, Júnea, Silvia, Luiza e Bruno; e aos bisnetos Isabela, Iara, Ian, Geórgia, Giulia, João Felipe e Laís.
E eu tive o privilégio e a sorte de viver mais da metade da minha vida - exatamente cinquenta e três anos - com essa gente. Sob o comando silencioso da bondosa figura, aprontamos as maiores estripulias e escaramuças, pois, muitas vezes, e na sua completa inocência, ela não percebia os riscos que corríamos para vencer na vida com dignidade e honradez.
Dona Santa sempre me tratou como um filho. Nos anos 60, já candidato a noivo da filha Maria do Carmo, ela abriu sua casa e me abrigou para dedicar-se a minha recuperação de uma hepatite, como uma mãe zelosa. Serei sempre agradecido a ela, que me servia uma alimentação perfeita, com frutas e pratos especiais, e sempre no final do dia me oferecia abacate e dizia: O Célio falou que abacate é muito bom para hepatite, então vou lhe servir todo dia, para você sarar rápido. E sarei rápido mesmo. Fiquei só uma semana de cama.
Esse carinho e dedicação de Dona Santa também se estendeu a outros a quem ela acolheu em sua casa ou como hóspedes eventuais ou como moradores temporários: os sobrinhos Marco Antônio Patrício, quando servia no CPOR; o Ronald e a Norma, quando vinham do Rio; o Rogério, vizinho/habitante contumaz; e a Alice Guieiro, que chegou de Diamantina para estudar em Belo Horizonte ; bem como o Salorio, americano bolsista do Rotary, e tantos outros. Tenho certeza de que todos eles, como eu, lembrarão dela com esse sentimento de amor e gratidão eterna.
Com as noras Magna e Cidinha, ela sempre foi carinhosa e, do Zuza, ela exigia sempre mais, muito mais, pois ele foi o primeiro a lhe tirar de debaixo das asas a Sônia Maria, filha querida.
Hoje ela se foi, para juntar-se aos seus queridos Célio, Rosina e Marco, marido, mãe e pai. Para ela, a felicidade eterna. Aqui, ela optou por viver para os outros, principalmente, para o marido e os filhos. Eles eram o seu universo.
Repito, no sábado fui dormir muito triste: uma santinha morreu.
Belo Horizonte, 16 de julho de 2011.
No dia 22, às 19:00 horas, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, no Sion, será celebrada a missa de 7º dia para a Dona Santa.