segunda-feira, 14 de abril de 2014


UMA AVENTURA E TANTO
Chegamos a Acapulco para passar um dia e, pelo menos, molhar os pés no Oceano Pacífico. Era final de inverno no Hemisfério Norte e ainda muito frio, proibitivo para os banhos de mar. De qualquer forma, vestimos nossos shorts e fomos à praia.
Logo de saída, uma surpresa: ofereceram-nos um voo dependurados por uma corda num enorme papagaio, com um manete no final, e puxados por uma lancha potente. Por tantos pesos mexicanos, dava para voar uns cinco minutos e esquiar mais uns cinco ao largo da baía. Meus amigos logo correram para a fila de venda dos bilhetes. Era demais para mim!
Assim, observei o Ivan, que voltou deslumbrado; o Manoel, mais ainda, contando os calafrios que havia passado na hora de levantar voo e amerissar; e ainda o Renato que, esportista frequente, contratou duas voltas na asa delta. E eu, quieto, permanecia sentado na areia até que, subitamente, os companheiros me agarraram, insistindo que o voo sobre a praia era uma aventura inédita e maravilhosa. Continuei recusando, mas me carregaram até a bilheteria, me fizeram comprar o bilhete e lá estava eu calçando os esquis, já amarrado na asa delta, e pronto para a maior aventura da minha vida.

Com apenas 24 anos, eu me sentia pronto para qualquer coisa, menos voar numa geringonça daquelas. A meu favor, um bom preparo físico, pois jogava basquete em Ribeirão, no time da Faculdade e no da Recreativa, o que acontecia, pelo menos, uma vez por semana.
Assim, lá fui eu pelos ares, como um pássaro desengonçado, os esquis trançados à minha frente e um frio na barriga. Meus amigos, lá embaixo, me aplaudiam e eu, meio perdido, sem saber o que fazer. Com gestos, eles me estimulavam para que eu subisse mais, que fizesse umas manobras no ar, enfim, que assumisse a condição de pássaro de primeiro voo. A sensação é, realmente, maravilhosa, mas tremendamente assustadora.
Posso até dizer que gostei, mas o melhor mesmo foi quando aterrissei, me desvesti da tralha e corri para o botequim a fim de tomar umas cervejas.
Infelizmente, minha aventura aérea não foi registrada, pois na época não havia telefones/ câmeras/filmadoras e nenhum de nós tinha uma máquina fotográfica disponível.
Mas me lembro até hoje do frio na espinha.

Belo Horizonte, abril/2014
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A vida necessita de ilusões ...
Então, para viver, necessitamos da arte a cada momento.
F. Nietzche

Foto google.