ACIDENTES DE PERCURSO
Fui ao Rio na segunda-feira para requerer um Visto no Consulado Americano, especial para viajantes em programas culturais, pois estava programado para embarcar no dia 21 de maio para o Partners Meeting dos Companheiros das Américas em Greeley, no Colorado, EUA.
Visto aprovado, sentei-me para umas cervejas no Aeroporto Santos Dumont. Meu voo para Belo Horizonte era o de 19:55. A bordo e durante o rápido percurso, senti uma indisposição abdominal que me deixou tão cabreiro e no dia seguinte já estava na sala de espera do meu urologista. O exame identificou um bloqueio na uretra e exigia uma cirurgia de emergência, então agendada para a quarta-feira pela manhã, no Hospital Maternidade Octaviano Neves.
Éramos três na sala de espera, já paramentados para as respectivas intervenções cirúrgicas: o Ângelo, que seria submetido a uma cirurgia da retirada de um rim; o Fausto que estaria colhendo material para uma biópsia, e eu para uma RTU – Raspagem Trans Uretral da próstata. No tempo em que ficamos naquela expectativa constatamos, abismados, o nascimento de nove belo-horizontinos - incluídos os gêmeos -, que chegaram no período compreendido entre oito horas e meio-dia e meia, hora em que fomos conduzidos para o Bloco Cirúrgico. Eis uma das razões para que o trânsito da Capital não saia nunca do verdadeiro caos.
Duas horas e meia de cirurgia - uma eternidade! Na sala de recuperação encontrei-me de novo com o Ângelo e, mais um pouco, estávamos hospedados no quarto-enfermaria B1/B2 do terceiro andar. Foi uma boa convivência de dois dias também com o Frederico, meu filho e meu acompanhante. Se não sabiam, os sexagenários têm direito a acompanhantes, mesmo internados na “enfermaria” dos planos de saúde (serviço de utilidade pública).
Com uma sonda na bexiga, recebi alta na sexta-feira e despedi-me do Ângelo e da esposa Vanessa, na porta do Hospital, depois de saber que, curiosamente, o casal morava num apartamento no Parque Boa Esperança, loteamento lançado pela família do meu sogro em Santa Luzia. Outra coincidência foi que a Vanessa havia feito aulas de natação na piscina da casa de campo que eu havia construído naquela cidade e vendi para o marido da professora de natação dela. Ô mundo pequeno!
O competente médico recomendou que eu não ficasse sozinho. Assim, aceitei o convite do Frederico para hospedar-me com ele, Adriana e Iara. Foi ótimo, pois carregando uma bolsa teria sido muito difícil desempenhar-me de todos os afazeres domésticos. Na Toca, minha infraestrutura abriga com conforto uma pessoa normal, mas... com sacolinha!...
Só saíamos da mesa para Adriana trocar os pratos e talheres. Conheçam o cardápio: sexta, frango ao curry; sábado, paella valenciana; e domingo, charuto árabe. Não podia ser melhor e nos distraímos muito com as conversas à mesa e com o humor constante do Zé Capeta, pai da Adriana. Ele até chegou a apelidar minha sacola como se fosse um cachorrinho educado, pois eu poderia dar voltas no bairro “sem que ele precisasse fazer cocô ou xixi no passeio”. Foi muito divertido.
Por estas e outras adiei minha viagem ao Colorado para o outono, pois não quis levar para passear o educado cachorrinho brasileiro pelas ruas limpíssimas de Denver e Greeley.
Belo Horizonte, maio/2013
Hoje, 18 de maio de 2013, dez dias da operação, acordei uma bala. Tem gente que gosta de se sentir vítima, sofredor, etc., eu não. Vou acabar com esta cara de operado, vou cortar o cabelo, tomar um banho legítimo, e me perfumar até a alma. Com Eau de toilette Armani, é lógico. Graças, estou vivo!!!!! E já na Toca, que o Pedro chama carinhosamente de “guarda-volumes”.