sexta-feira, 30 de agosto de 2013

                                          Foto Google

OURO EM SANTA LUZIA
O Zuza acordou com o Lázaro batendo na janela do quarto dele, bem cedinho, na fazenda Boa Esperança, em Santa Luzia.
Ele perguntou:
- O que você quer, Lázaro?
Ele respondeu:
- Tem dois senhores perguntando por você, lá na frente.
- Ok, diga que eu já vou.
Ele estava meio preguiçoso, depois de uma noitada de serenatas com gaita e violão, aos pés das janelas das meninas, regadas a muito whisky e umas cachacinhas.
Na varanda, encontrou-se com o amigo parapsicólogo, Paul Louis Laussac, acompanhado de um senhor, que lhe apresentou:
- Este é o maestro Luiz Aguiar, com quem faço trabalhos de hipnotismo muito eficientes. Vamos tentar encontrar a tal mina.
Há algum tempo, o mesmo Lázaro, empregado da fazenda por mais de 40 anos, havia contado a ele que tinha certeza de que haviam escondido ouro em algum buraco lá nas “mangueiras”, um belíssimo lugar sombreado por mangueiras, atrás do curral. Era só procurar.
Existia essa lenda de que a fazenda havia sido explorada por garimpeiros e que eles haviam escondido o ouro garimpado em algum lugar, para vir buscá-lo depois. No entanto, a fazenda foi vendida e a história se perdeu por lá.
Zuza comentou sobre esse segredo com o Paul Louis e os dois resolveram hipnotizar alguém para tentar achar o tal buraco. E lá estavam eles. O hipnotizador e o candidato a ser hipnotizado.
Chamaram o Dr. Célio e o tio Chico e, na varanda mesmo, o hipnotizador começou a trabalhar. De repente, o maestro levantou-se e começou a andar pelas estradinhas em volta da casa, de olhos fechados, mas, com um senso de direção incrível. E toda a comitiva atrás dele, inclusive o tio Chico, que pegou uma carabina em caso de aparecer algum curioso para tomar o ouro deles. O maestro andou resoluto até as “mangueiras” e lá chegando estancou num ponto e apontou. O Lázaro e o Zezinho, com as pás de prontidão, começaram a cavar, cavar, cavar, até que ouviram um barulho de terra firme na ponta da enxada.
- Epa, peraí - disse o Zuza. Deve ter batido em alguma coisa dura. Vamos nos fixar neste local.
Os dois cavaram mais um pouco e encontraram uma panela com uns desenhos lavrados no barro. E mais uma, outra, seis no total, com os mesmos desenhos nada artísticos, só com terra dentro e nada de ouro. Aí, escavaram mais e se depararam com uma galeria de bom tamanho no subsolo. Entraram e ela estava lotada de teias de aranhas, daquelas de corpo listrado com as pernas finas e longas. Milhares delas.
- Ôpa!, aí tem coisa. Tio Chico desceu da carroça e encostou a boca da espingarda na entrada da galeria que, pelas aranhas vivas, demonstrava que ali corria ar, portanto, tinha vida. Ficaram os sete boquiabertos com a descoberta, esperando que algum reagisse para continuar as escavações.
Aí, Dr. Célio saiu de lado, chamou o Zuza e falou, seriamente:
- Pare com isto agora, Zuza. Agora! Isto vai dar muita confusão na família.
Obedecida a ordem, tamparam os enormes buracos e voltaram para tomar uns whiskies na varanda. E nunca mais se falou nisto.
Belo Horizonte, agosto/2013.

FRASES, PENAMENTOS E AFORISMOS

A simplicidade é a sofisticação suprema. Leonardo da Vinci