UM ACESSÓRIO CURIOSO E EXTRAVAGANTE
No outro dia, fui a um
casamento do filho de um amigo e me encontrei com um bom e relativamente novo
amigo que tinha um hábito diferente, ou melhor, uma mania meio estranha, até,
quem sabe um vício incontrolável.
A cerimônia do casório
ocorreu numa igreja diferente, da qual não me lembro o nome, bem diferente das
demais igrejas católicas, Ela fica numa espécie de casa, no meio de um bairro
muito populoso, e sem nenhuma referência a qualquer ambiente religioso. Não
tinha torres, cruzes, crucifixos, imagens de santos, nada, mas, curiosamente, o
ambiente remetia a um lugar limpo e puro que transcendia religiosidade. Os
noivos me contaram, depois, que era a única igreja disponível para casamentos
naquele dia. Belo Horizonte já não é
mais aquela cidade simples e roceira de alguns anos para cá.
Chamei um táxi, prevenido
pela lei seca e, junto com o motorista, nos metemos a ler as placas das ruas
próximas ao lugar indicado. Ufa! Felizmente, cheguei a tempo de postar-me num
ponto estratégico para ver os noivos passarem sobre um tapete vermelho até o
altar onde por onde perfilaram
familiares, convidados e padrinhos. Todos na maior elegância, seguindo o
figurino exigido pela cerimônia, inclusive o meu amigo citado acima. Mas, ele tinha
um segredo.
Mais um táxi obtido através
do celular e rumei para o Minas II, local da fabulosa recepção. Quando lá cheguei,
procurando um lugar para assentar-me, vejo, ao longe, o meu amigo abanando a mão,
convidando-me a me juntar a eles, numa estratégica mesa do mesanino. Foi um
achado.
A festa foi exuberante em
todos os sentidos. Decoração do enorme salão do Minas II, com flores da
estação, mesas elegantemente decoradas com toalhas finas, brancas como neve,
pratos, talheres e copos como manda o figurino. Há muito, eu não aparecia num
lugar tão requintado e fino. E a festa se desenrolou com um serviço primoroso,
garçons e garçonetes, servindo finíssimas bebidas a gosto do freguês: cervejas,
whiskies, vinhos, espumantes rosés da melhor qualidade, salgados, também
finíssimos, tudo amparado por uma música de fundo com repertório bem escolhido.
E tudo correu perfeitamente,
alguns casais resolveram dançar e fiquei a sós com meu amigo na mesa.
Subitamente, ele saca do
bolso de dentro do terno uma embalagem de adoçante artificial e me oferece:
“Aceita um gole, Roberto?”
Sem entender, agradeci e vi que ele desatarraxou a tampinha vermelha e levou o
bico até a boca, dando uma golada, olhando pra mim com cara de sem-vergonha e
sorrindo. Fiquei estupefato. “O que é
isto, meu amigo?”
Num sorriso matreiro ele
disse: “É cachaça, Roberto, e da boa. Quer um golinho? “
Belo Horizonte, julho/2015.
FRASES PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Do menino e do borracho,
Deus põe a mão por baixo. “
Dito popular gaúcho.