PERDIDO NUMA TARDE FRIA
Os dias nublados
são sombrios e tristes para nós que vivemos neste glorioso país tropical de sol
e abundância de claridade. E foi num dia assim que eu me sentia, num domingo de
outono em Denver, no Colorado. Sozinho e a pé caminhava meio sem rumo no centro
da cidade, quando me encontrei com um grupo de índios.
O meu amigo José
Gonçalves, à época presidente do Partners
Colorado, já me havia alertado para esses grupos de índios que perambulam
pela cidade, aos domingos, para levantar algum trocado com algum estrangeiro
perdido. Naquela época, os assaltantes não buscavam celulares, só dinheiro vivo
mesmo. E eu, duro como sempre, andava por ali para chegar até à Larimer Street, onde encontraria outros
perdidos naquela tarde fria.
Não me intimidei,
continuei firme na minha trajetória, quando um deles se aproximou e me
perguntou: Wher` you going, latino?
Não respondi e ele continuou a me seguir com aquela catinga de quem não toma
banho há meses. Apressei o passo e ele veio firme, com os comparsas do outro
lado da rua me olhando fixo. Mais um pouco e percebi que ele mexia nos bolsos. Pensei:
buscando uma faca ou qualquer arma para me atacar. Fiz uma análise rápida. Ele
era bem menor do que eu, franzino, mas estava em vantagem com os outros três do
outro lado da rua. Naquele momento, por
sorte, vi que um ônibus se aproximava. Fui em sua direção e entrei para ir até qualquer
lugar. Por coincidência, ele passaria pela Larimer St. Ufa, que alivio!
Uma informação: aos
domingos, numa cidade média americana como Denver, os coletivos são raros aos
domingos. Só mesmo um raríssimo para salvar um perdido nas suas ruas frias e desertas.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Aquilo que você imagina é
aquilo que você sabe. Mallarmé
Downtown Denver - Foto Google