O MELHOR CARNAVAL DA MINHA VIDA.
Às vésperas de um Carnaval de antigamente,
fui convidado por um amigo para, junto com o irmão dele, descermos para Santos
para participar da folia. Fiquei sem saber o que fazer, pois andava muito duro,
com poucas aulas de violão e nenhum bico, mas ele, então, arrematou: "Não
se preocupe. O papai alugou um
apartamento na praia do Gonzaga e, como já tirei a "carta" (carteira de habilitação para os paulistas),
liberou o carrão dele para irmos bem montados. Era um carrão americano, zerinho,
pintura metálica e conversível.
Uau! pensei comigo, - aí é demais!
Vou de qualquer jeito. Combinamos dia e hora e os dois passaram lá em casa na
manhã de sábado, já com a capota arriada, de bermudas e camisetas coloridas, a
fim de irmos anunciando, para quem quisesse ver, que estávamos saindo para o
Carnaval na praia. Descemos a Teodoro Sampaio e logo pegamos a Avenida Rebouças
para mostrar mesmo qual era a nossa intenção, pois todos nossos amigos moravam
naquela vizinhança e a exibição era proposital. Já na Via Anchieta, novíssima e
totalmente congestionada, começamos a montar a programação que versava sobre
diversos assuntos: mulheres, damas, senhoritas, brancas, negras, amarelas,
mulatas, jovens, estudantes, solteiras, noivas, casadas, viúvas, altas, baixas,
gordas, magras, enfim, só mulheres, mulheres e mulheres... Imaginem três boas pintas, apartamento na
orla da melhor praia de Santos, carro de milionários, muito saudáveis, com
super disposição e libido juvenil incontrolável, não podia dar outra.
Uma hora de estrada e entramos na
cidade ensolarada, que mostrava alguns animados sambistas da periferia até a
praia, onde já se formava um enorme "corso" na avenida. Para quem não sabe, o corso era uma fileira
de carros que acompanhava os carnavalescos por um determinado trajeto e, pelo
caminho, iam aparecendo blocos e conjuntos musicais que se plantavam em
determinados pontos para fazer o som da festa. Nada de alto-falantes, música
eletrônica, nada disso.
A gente descia do carro, fazia
umas firulas para chamar a atenção do nosso público-alvo, uns beijinhos, e
assim marcávamos presença, arrastando atrás do carrão as mais oferecidas. Tarde
da noite, com uma legião de fãs nos acompanhando e já próximos do prédio onde
estávamos hospedados, era só apontar para as mais chegadinhas e convidar para
um whiskinho com gelo. Beleza pura!
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma
estatística.” Josef Vissarionovitch Stalin