DOIS GÊNIOS
Lá se foram duas importantes personalidades da vida mundana internacional: um artista do desenho e dos projetos arquitetônicos, o grande, insuperável, Oscar Niemeyer, e o não menos artista, este, dos acordes e das melodias, Dave Brubeck.
Coincidentemente, e na mesma semana, um no Brasil e o outro nos Estados Unidos, distantes, mas, com uma ligação definitiva: o amor à vida e a dedicação à alegria e à felicidade dos seus semelhantes.
O primeiro, comunista convicto e radical, que projetou a maioria das construções públicas do Brasil e diversas mundo afora com um objetivo - exageradamente ressaltado pelos parentes e amigos, na solenidade do seu enterro - focado no conforto e na melhor qualidade de vida dos seus usuários. Ora, o arquiteto que não projetar uma casa, um apartamento, uma sala, um prédio que não pressuponham tais premissas, estará andando ao contrário da ordem natural das coisas. A maioria dos entrevistados, ao comentar a morte do mestre, procurou valorizar essa característica como a principal da obra do arquiteto. Que nada! O mestre Niemeyer inovou sim, dando às curvas uma importância maior que às retas, na sua visão de artista. Sem dúvida, ele foi o máximo ao projetar o nome do Brasil em todas as instâncias. Era um gênio mesmo.
Mutatis mutandi, expressão muito em voga hoje, com o julgamento do “mensalão”, data vênia - outra na ponta da língua de todos -, vamos ao genial Dave Brubeck.
Essa exdrúxula comparação entre os dois mestres apenas tenta mostrar como os conceitos sobre as pessoas depois de mortas ganham símbolos e características que não são o forte da sua obra.
Sobre o Brubeck, disseram ser o maior intérprete do jazz americano. Na minha opinião, ele foi, sim, um precursor ao sugerir, junto com Paul Desmond, também gênio do saxofone, o ritmo de 5/4, que veio inovar o tradicional 4/4. A música Take Five marcou o nome dos dois na rica história do ritmo americano. .
Niemeyer e Brubeck legaram obras distintas e únicas na cultura internacional: a valorização da curva e a audácia na mudança do ritmo universal. Os dois foram gênios nas suas respectivas atividades. Tão díspares e tão próximos no engrandecimento da cultura para a humanidade.
Belo Horizonte, novembro/2012.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A arte deve ser mentira verdadeira, não falsa verdade.
Jean Rostand