sábado, 29 de junho de 2013

                               Foto Google

ELES VOLTARAM?
Noite dessas, vi um disco voador. Estava na varandinha, como sempre olhando para o céu nublado e já escurecido quando surge do nada uma luz redonda, intensa e difusa. E velocíssima. Cortou os céus do poente ao nascente, em dois segundos. Ou menos até. Fiquei cabreiro! Agucei os ouvidos e a vista e nenhum ruído ou rastro, nenhuma pista.
Observo que há muito tempo esses caras não aparecem. Sou muito curioso a respeito deles, pois vêm e vão sem que a gente consiga apurar sobre suas origens e destinos, muito menos sobre o que pretendem, dando esses rasantes na Terra.
Seguindo algumas instruções, firmei meu pensamento num planeta distante qualquer e tentei uma comunicação telepática com eles. Qual nada, sumiram no firmamento.
Lembrei-me dos diversos relatos sobre OVNIS e fiquei atento aos noticiários para ver se haviam registrado alguma aparição. E houve. Num daqueles, bem tarde da noite, relataram a visão da tal luz que cruzou os céus velozmente tendo sido vista em Curitiba, São Paulo, no Espírito Santo e em Minas Gerais, sem qualquer identificação ou tentativa de comunicação com os terráqueos.
Será que eles estão voltando? Fiquemos atentos, pois, quando aparecem, sempre desencadeiam acontecimentos inusitados.
Buscando uma analogia do voo ocorrido com os fatos, o que presenciamos há uma semana foi uma rebelião pacífica e legítima do povo brasileiro. E inusitada.
Pelas ruas, estradas e avenidas, enfim, do Oiapoque ao Chuí, assistimos à reação de uma população cansada que, simbolicamente, gritou contra o aumento das passagens de ônibus, exigiu mais segurança nas urbes, clamou pela existência de um sistema educacional eficiente e por melhorias no sistema de saúde pública e denunciou, firmemente, a corrupção deslavada e  permitida pelas autoridades do Governo. O que vimos foi a demonstração de um povo desiludido de viver num país como este. O momento é grave.
A maior autoridade da República demonstrou não só uma falta de controle, mas, perigosamente, falta de autoridade. E quem perde a autoridade, sabemos, perde tudo. E o país vai escapando-lhe das mãos incompetentes.
Assim, creio que devemos ficar atentos e mobilizados. Eles estão por aí, para nos alertar.
Belo Horizonte, junho 2013.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
"...era como as frias crônicas, esqueleto de história, sem a alma da
história..." Machado de Assis



domingo, 23 de junho de 2013

LA GUANCHA QUEÑA
Não sei do que se trata esse nome curioso. Apenas sei que é o título de uma das canções gravadas na fita cassete que tocava no som da Rural Willys do meu amigo Eduardo Malo, diputado en la Camara Federal Ecuatoriana, enquanto subíamos os contrafortes da Cordilheira dos Andes, de Guayaquil até Cuenca, no Equador. Talvez a Lulu possa me ajudar.
O nosso grupo do Fellows II já havia embarcado num ônibus para o mesmo trajeto, e eu, afortunado, havia sido convidado para fazer a viagem com aquele amigo de última hora, que me apresentou a uma das mais belas canções que conheço: Alfonsina y el Mar.
Naquela subida despretensiosa conheci a história de uma grande poetisa argentina, Alfonsina Storni, que, num surto, mergulhou no mar para nunca mais voltar. E os conterrâneos Felix Luna (letra) e Ariel Ramirez (música) relataram essa triste história numa linda canção magistralmente interpretada pela não menos talentosa e também conterrânea deles, a Mercedes Sosa. Vale a pena conhecer.
Continuando a nossa subida, paramos numa plataforma de águas calientes que compõem uma formação de piscinas de água corrente com temperatura de mais de 30º. C, encravadas na Cordilheira gelada. Realmente, uma parada inusitada naquela paisagem celestial.
Tomamos a estrada novamente e rumamos para Ingapirca, segundo a lenda a primeira vila de origem inca, ainda com fortes vestígios da civilização pré-colombiana. De lá, enfrentamos mais um trecho muito íngreme até chegarmos à belíssima cidade de Cuenca, onde permanecemos por uma semana, envolvidos com palestras, seminários e vinhos argentinos e chilenos. E com muita música, é lógico. Fiz duas apresentações ao violão, uma no local dos seminários e outra no espetacular hotel também encravado nos picos da Cordilheira dos Andes.
Aquela trilha sonora, acima referida - de músicas simples, letras e melodias bem rústicas -, foi transformada num CD para minhas atuais e futuras recordações e está às ordens para os interessados.
BH, Junho de 2013.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

Ce ne sont pas mes gestes que j`escris, c´est moi, c`est mon essence. Montaigne

 


quarta-feira, 12 de junho de 2013



O FILHO INGRATO, AINDA...
Creio que chegou a hora do Brasil retribuir a Portugal a oportunidade de existirmos, talvez na vigésima geração de brasileiros natos. Se os queridos patrícios não fossem corajosos e aventureiros estaríamos ainda na idade da pedra lascada, como continuam ainda os aborígenes da terra brasilis. Nada contra eles, mas foram os portugueses que nos livraram dessa condenação, dando-nos a chance de ostentarmos hoje, com orgulho, a chancela de sexta maior economia do mundo.
Imaginem se eles, os portugueses, os ingleses, os espanhóis e os holandeses não tivessem levado mais de dois terços de nossas riquezas minerais, florais e vegetais? Estaríamos, com certeza, nos primeiros lugares do mundo.
A minha sugestão é a de que ajudemos nossos patrícios a saírem do buraco enorme em que se meteram nessa combalida economia mundial, no século XXI. Ouvimos, vemos e lemos a toda hora que nossas reservas cambiais estão cada vez mais promissoras, que não existe mais o que era uma impagável dívida externa, que o país floresce a cada ano com reservas inesgotáveis de petróleo no pré-sal, enfim, que estamos com a bola e com a corda toda. E nossos descobridores, com a corda no pescoço, pedindo esmolas à União Européia e ao mundo todo para fazer viver dignamente uma população comparada com a do nosso estado do Ceará. É muito injusto com nossos irmãozinhos.
A minha bandeira é localizada neste blog quase doméstico, mas quem sabe um desses grandes paladinos da humanidade não se depara com esta crônica e resolve dar um impulso internacional à ideia, sensibilizando nossos governantes e mandatários a oferecer ao primo pobre uma mãozinha? Eles merecem pois somos seus descendentes. Sem eles não existiríamos. Estaríamos com os beiços enfeitados com um pedaço de coco, com as caras pintadas, descalços e seminus, empunhando arcos e flechas numa taba imunda e sem perspectiva de vida digna. 
Acorda, Brasil, para uma ajuda a Portugal.
E tenho dito.
Belo Horizonte, junho de 2013.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

Todas as obras literárias são plágios, exceto uma que ninguém leu.

Borges

segunda-feira, 3 de junho de 2013


TOMMY
Estávamos uma noite num restaurante que já não me recordo do nome, na Savassi, na esquina de Rua Alagoas com Getúlio Vargas, conversando amenidades, quando começou a tocar uma música impressionante. Nós quatro, Henrique, Maria Ida, Carminha e eu, já acostumados a ouvir de tudo e com tudo, ficamos impressionados com a desenvoltura do conjunto, um naipe de metais, duas guitarras elétricas excepcionais e vozes absolutamente desconhecidas.
Apuramos os ouvidos com a nossa atenção focada na música. Parecia uma história contada sobre uma situação inusitada. Um menino que não ouvia, não enxergava e não falava, completamente alheio a tudo na vida, mas com uma sensibilidade excepcional. Percebia tudo ao seu redor mas não se manifestava, até que, num instante, quando se quebra um espelho na sua frente ele passa a enxergar, ouvir e falar, tudo responsabilidade de um tal Capitão Walker. É uma história meio surrealista e confusa que perdemos de conhecê-la numa apresentação na Broadway quando o Pedro e o Frederico insistiram para que fôssemos assistir. Resolvemos destacar uma noite para o teatro, mas já não conseguimos ingressos. Foi uma pena pois a história do Tommy ficou inconclusa mas a trilha sonora, inteiramante composta por Pete Townshend e maravilhosamente executada pelo conjunto The Who, formado pelos músicos abaixo, ficou eternamente gravada no nosso inconsciente.
Roger Daltry : Vocals
John Entwistle: Bass Guitar, French Horn and Vocals
Keith Moon: Drums
Pete Townshend: Guitar,  Keyboards and Vocals
Interessante é que o Henrique, de tão entusiasmado, comprou à época um novo equipamento de som, com umas caixas diferentes, meio abauladas para trás que compuseram no apartamento deles um ambiente propício para ouvir os excelentes músicos.
Valeu a pena, Henrique/Maria Ida.
Agora, ainda de molho pela cirurgia, estou ouvindo a ópera-rock com estas recordações de uma época feliz. God bless.
Belo Horizonte, junho/2013