sábado, 24 de maio de 2014

                                                 TEOTIHUACÁN
Sentei-me em frente à Pirâmide do Sol, em Teotihuacán, no México e fiquei decidindo se subia ou não. Em cada um dos quatro lados tem uma escada, com certeza colocada para as cerimônias no alto do monumento que, tanto servia como túmulo dos seus sacerdotes como para os festejos religiosos alegres ou fúnebres.
Aquele sitio foi o habitat de uma civilização avançadíssima, da era pré-colombiana, onde, conta a lenda, do alto, muito energizado e em perfeita sincronia  com o eixo, no por do sol você pode fazer um pedido que, com certeza, será atendido. Fiz mais de um.
Realmente, o local é misterioso. Lá foram construídos, ainda, a Pirâmide da Lua, o Templo de Quetzalpápalotl, os três ligados  pela Calzada de los Muertos.
Teotihuacán, também chamada Cidade dos Deuses,  foi uma cidade/estado multi-étnica formada pelos grupos ou tribos Zapotecas, Maias, Mixtecas e Nahuas, que antecederam os Astecas, isto de 292 a.C até 900, localizada num ponto estratégico, com numerosas nascentes de águas, no rico sistema lacustre do Vale do México.
Curioso na crença deles é que a primeira geração de homens que havia ali se instalado tinha sido destruída pelos Jaguares (Primeiro Sol) que foi seguida por nova geração destruída por furacões (Segundo Sol), uma terceira destruída por erupções vulcânicas ou pelo fogo (Terceiro Sol), uma quarta foi destruída pela água, um dilúvio (Quarto Sol) e o nosso sol, podemos dizer assim, este que nos aquece e ilumina, foi criado em Teotihuacán, o Quinto Sol.
Lembrei-me destas histórias e daquela visita  ocorrida em 1965, para tentar fazer uma analogia com os fatos narrados nas religiões que conhecemos, principalmente a católica que, mudando os nomes vem sendo apresentada como na história dos sóis astecas. Destruição dos povos pelo fogo, Roma,  abalos sísmicos, Pompéia, dilúvios, civilização do médio oriente, e assim vai. Será uma coincidência?

Belo Horizonte maio/2014.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
O poder não transforma as pessoas, ele somente revela o que elas realmente são. José Mujica – Presidente do Uruguai



domingo, 18 de maio de 2014


PESCARIA EM CABO FRIO
Depois de um churrasco, que varou a noite quente, decidimos contratar um barco para uma pescaria ao largo da Praia do Forte. Eu, marinheiro de primeira viagem e dois marinheiros treinados,  o Marcinho e o Titão, tomamos um café rápido para embarcar bem cedinho, pois o dia havia amanhecido muito úmido e abafado. Pegamos a tralha e passamos no Mercado de Peixes para comprar as iscas. O sol raiava quando  embarcamos numa daquelas traineiras que ficam aportadas ao longo do Canal, debaixo da ponte que liga a cidade às praias do Peró e das Conchas, na época, desertas.
O barquinho era um daqueles de apelido tum-tum-tum, pois este é o barulho do seu motorzinho de um cilindro, instalado no meio. Podemos ir lançando as iscas, pois enquanto não chegarmos aonde vamos parar, a gente talvez consiga alguma fisga de fundo, falou o comandante Titão.  E ele tinha razão, pois ao ancorarmos  já havia um peixe bem razoável na linha de fundo. Os dois embarcaram o bicho e nos instalamos para iniciar a pescaria; eu no meio e cada um numa ponta do barquinho. Para mim, foi  pior.  Comecei a sentir um enjôo horrível, embora já tivesse  tomado três comprimidos de Dramine, indicados para conter os mal-estares marítimos. Noutra feita, a mesma indisposição já havia estragado minha viagem de lua de mel a bordo de um transatlântico para a Argentina. Imagine num barquinho desses! E fui piorando. Alertei aos marinheiros sobre a minha indisposição, dizendo que ficaria encolhido num canto esperando por eles. Nem deram bola, entretidos que estavam em puxar um peixe atrás do outro. E nisso eles eram bons mesmo.
Para não estragar o programa, acomodei-me num cantinho do barco, fechei os olhos para não ver o balanço das ondas e fiquei quietinho, fingindo-me  de morto. E nada de melhorar. Afinal, tomei coragem, levantei-me, dirigindo a eles: "Vocês me desculpem, mas estou péssimo, não consigo nem ficar em pé no barco, quem sabe vamos embora?"  E os dois: "Aguenta aí, Roberto, estamos salvando o nosso almoço e jantar das  férias. Fique firme."  Acomodei-me novamente e tentei ficar firme, mas a sensação era horrível, estava enjoado demais. E os dois, pescando animadamente.
Subitamente, não suportei mais, levantei-me e gritei: "Olha, gente, o trem tá feio, ou vamos embora a-go-ra ou me atiro no mar, não aguento mais." Marcinho olhou pra mim e falou: “Olha o Roberto, Titão, ele está transparente. Vamos embora senão esse cara morre aqui”. Titão, rindo muito, concordou. Em seguida, deram ordem para o pescador voltar o mais rápido que pudesse.
Mas, aí, veio o pior. O motor do barquinho não pegava de jeito nenhum. O barqueiro tentava, tentava e nada. Como consolo, explicou que, de vez em quando, acontecia aquilo mesmo, mas que ele ia limpar a vela do motor e que daria certo. De fato, limpou-a com uma estopa velha, raspou o conector com uma faquinha e tum-tum-tum, o motor pegou. Zarpamos naquela velocidade de tartaruga rumo à praia. Com uma piscada de olho, consegui enxergar os prédios da Praia do Forte, lá bem distante, então me animei um pouco. Na verdade, com o barco em movimento, vento no rosto, o enjôo vai diminuindo e, assim, fui recuperando o bem-estar. Daí pra frente, foi só alegria. Aportamos sãos e salvos e com um estoque de peixes para uma semana de bons pratos. No jantar, rimos muito do acontecido.
Belo Horizonte, maio/2014.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
"Governos mais democráticos produzem melhor capitalismo, que produz mais riqueza - para todos." Eurípedes Alcântara - em crítica ao livro Capital, do canadense Thomas Piketty, livro sensação do momento segundo a revista Veja.





sábado, 10 de maio de 2014

NAS ILHAS GREGAS
Numa ensolarada manhã de abril, agradável temperatura em torno de 15 graus, céu azul limpíssimo, no Pireu, porto de Atenas, resolvemos embarcar para conhecer algumas das ilhas gregas. A primeira delas, Hidra, com uma profusão de pés de pistaches, escalamos alguns montes e vislumbramos o Mar Mediterrâneo, característico pela tonalidade azul turquesa de suas águas e palco de grandes batalhas navais durante a Idade Média entre turcos e otomanos, que deixaram registradas suas passagens com muita luta no desejo de  ampliar seus territórios e disseminar suas raças.  Do alto, a visão se estendia até a costa do norte da África, onde se levantava uma poeira densa e marrom, no horizonte marinho, com certeza a poeira que cobre toda a extensão do deserto de Saara.  Um belíssimo panorama!
Voltamos ao barco e rumamos para Porus,  aonde passeamos à beira-mar nas ruelas cheias de casinhas brancas com o povo na rua, sentado nas calçadas, proseando e rezando sem parar terços enormes cujas contas corriam pelas mãos grossas e calejadas dos marujos e das senhoras que teciam suas próprias vestes em teares manuais e rústicos. Outra civilização onde não conseguíamos entender qualquer palavra do que diziam, muito menos os escritos nas poucas placas informativas.
Uma rápida parada e navegamos para Aegina, a maior das ilhas, com um comércio a céu aberto onde havia de tudo, desde peixes frescos até peças em cerâmica e rico acervo de tapetes coloridos, os kilins gregos. Nesta parada mais longa, almoçamos dois pratos típicos, a moussaká - uma espécie de lasanha feita com berinjela, carne moída e molho de tomate - e  o kleftikó - cordeiro assado com arroz à grega, lógico, tudo regado a um bom vinho branco produzido com as uvas assyrtico, cultivadas em solo vulcânico e de muito frescor.
Belo Horizonte, maio/2014.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“La decisión del primer beso es la mas crucial en cualquier historia de amor, porque contiene dentro de si la rendición. “ Emil Ludwig
 

domingo, 4 de maio de 2014

Quando minha neta Iara nasceu, desafiei-me a compor uma música e escrever um soneto em homenagem a ela. Aí estão os dois, para minha felicidade.

IARINHA, MEU DOCE

E um ano já se passou,  meu doce
De coco, de alegria, de ternura
Doce feito de amor, como se fosse
A receita gostosa da alma pura
 
Tão pouco o tempo de convívio juntos
 
Já sinto a vida como um grande prêmio
Tempo de realizações e trunfos
A valer muito mais do que o milênio.
 
Aos trancos, engatinha e balbucia
Neném, cocó, rael, mamã... e só.
E, de cá, todos nós, babando, ô dó!
 
Quando pára, num canto, silencia
E de olhinhos vivos permanece
Mostrando a vida linda que amanhece.
 
 Sonetinho para Iara, no seu primeiro ano de vida.
Do vovô.
Bh, 21/11/2002.
IARA
(Letra e música do vô Roberto) 21/11/2000
Foi numa tarde,
Bela tarde de verão.
Você tão linda
Estendeu a sua mão
Bem-vinda Iara, que alegria você traz.
A vida é bela
E com você é muito mais
 
................................................
 
Vem, que bom princesa, vem
Fazer do mundo a luz da manhã,
A cor do amanhã.
Vem, que a sua vida vai ser, sempre,
Sempre azul, azul.
 
Pois numa tarde
Bela tarde de verão.
Você tão linda
Estendeu a sua mão
Querida Iara, como é bom você aqui.
A vida é bela
E com você é mais feliz