UM PUBLICITÁRIO NA FRANÇA
Em
Paris, de tanto frequentar a Brasserie d`España, fiquei amigo do dono, Juan, um
espanhol gentilíssimo, também tocador de violão, naquelas bandas conhecido como
guitarra. Todas as noites revezávamos
com repertórios variados, comigo levando um pouco de bossa-nova e american songs, e ele, con los
acordes calientes de la canción flamenca.
Foi uma
temporada ótima, pois eu morava relativamente perto, na rue Robert de Fleurs e
a brasserie ficava no Boulevard Montparnasse, coisa de três quarteirões, o que
evitava maiores transtornos na volta para casa, dependendo do estado
etílico. A bebida servida era sempre
o vinho e o meu, oferta da casa, descia sem reservas. O grau alcoólico de 13,5
- 14,0 era suficiente para me deixar embalado com a primeira garrafa daquele
Bordeaux perfeito.
Geralmente,
durante o dia fazia uma visita ao Louvre para ver uma ala ainda desconhecida ou
ficava vagando pela rue de Rivoli, Place de la Concorde e Avenue des Champs
Elyseés como um perfeito clochard
perdido pelas ruas da encantadora cidade. Noutras tardes, depois das cansativas
reuniões na Peugeot Cycles, nos arredores da cidade, sentava-me numa mesinha
solta no meio dos jardins das Tulherias para tomar um dubonet, bebida típica dos vagabundos locais.
Era
curioso porque, naquele tempo, não havia internet e minha comunicação com o
Ronald, meu sócio em Belo Horizonte, era feita por telefone, então caríssimo
nas ligações internacionais. Ficávamos conversando como se estivéssemos
passando telegramas: monossilabicamente. Quando eu precisava de uma informação
mais contundente, uma orientação quanto ao andamento do negócio, ele
simplesmente respondia: “Ah, Roberto, faça como você achar melhor. Ciao!”
Naquela
época, a prefeitura de Paris já estava começando a oferecer o aluguel de
bicicletas públicas a fim de descongestionar o pesado trânsito nas regiões
centrais. Estou vendo agora, em Belo Horizonte, alguns pontos com estas bikes disponíveis. Ao lado da Toca, na
Praça da Liberdade, em frente ao Xodó, já colocaram um ponto com mais de 10. E,
parece, na Praça da Estação tem também um ponto.
Belo Horizonte, agosto/2014
rhbrandao@gmail.com
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“ Uma valsa e
um vinho, sempre pedem bis ”. Johan
Strauss