sábado, 25 de outubro de 2014

VIZINHANÇA INCÔMODA NA COBERTURA
Dia desses, a cobertura do prédio onde o Frederico mora e acima do apartamento dele, recebeu uma vizinhança muito incômoda.
Recentemente, toda vez que o Frederico saía de casa notava uma sujeira qualquer caindo das gretas do alçapão no hall da escada, em frente da sua porta. Era uma sujeira estranha, meio "titica de galinha" misturada com poeira e serragem, sem cheiro, mas muito pródiga(?), deixando imunda a entrada da casa.
Certa manhã, ele acordou decidido, pegou a escada e se meteu escuridão adentro no forro do telhado. Ligou a luz do poderoso celular e deu de cara com esse bichinho, aí retratado: um filhote de urubu, em pé ao lado do ninho vazio.

Ah! Então é você o responsável por essa porcariada toda?
Subitamente, percebeu certo movimento numa fresta no telhado, por onde viu entrar a mamãe urubua, toda empertigada, trazendo no bico comida pro filhotinho.
Frederico se ajeitou na laje suja e ficou observando mãe e filho se entenderem. Como todas as mães zelosas, alimentou o seu bebê, fez-lhe um carinho com o bico e depois partiu para novos voos e aventuras diurnas. Certamente, voltaria à noite para também se abrigar por ali.
Frederico já havia visto urubus sobrevoando o prédio e algumas vezes até pousados no parapeito do terraço; talvez, por isso não fosse difícil supor que estivessem por ali vigiando o tal filhote. Ele observou que aquelas aves eram bastante silenciosas, diferentemente de outros habitantes desses forros como os gambás, morcegos, corujas e outros. Não piavam, movimentavam-se muito pouco, mas deixavam uma sujeira danada.
Adriana e Iara também acharam muito estranha a descoberta de Frederico e decidiram buscar orientação na Polícia Ambiental, que aconselhou a retirada do bichinho do forro do telhado e sua soltura num  lote vago, com a certeza de que a mãe logo o encontraria.
E assim ocorreu o despejo do inquilino indesejado da cobertura, que saiu andando, puxado por uma cordinha no pescoço pelado.
Pelo jeito, vida de urubu não é fácil!
Belo Horizonte, outubro/2014.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

“He amado hasta llegar a la locura; y eso a lo que llaman locura, para mi, es la única forma sensata de amar.” Françoise Sagan

sábado, 18 de outubro de 2014

O GAVIÃO E O GRIPEN
Na varanda da casa do Zuza, em frente a uma reserva verde especial do Ministério da Agricultura, em plena zona sul de Belo Horizonte, enxerguei um pássaro, tamanho médio, subindo sem bater asas. Logo lhe chamei a atenção para a imagem e ele, conhecedor dos planos aéreos, explicou ser um gavião em corrente ascendente de vento, que deveria levá-lo às alturas. De fato, naquela subida em círculos, a ave foi sumindo sem fazer força. Era como uma pluma ao sabor do vento.
Subitamente, nós a vimos mergulhar como uma flecha e entrar no meio das frondosas árvores até desaparecer. Imaginamos que teria visto alguma coisa comível. O ângulo da descida foi incrível: asas coladas ao corpo à semelhança de um Gripen, aquele jato supersônico comprado da Suécia e colocado a serviço da Força Aérea Brasileira.
Gavião é o nome popular dado a várias espécies de aves falconiformes pertencentes às famílias accipitridae e falconidae, em particular dos gêneros leucopternis, buteo e buteogallus. De hábitos diurnos, o gavião-real tem uma visão privilegiada, com uma resolução oito vezes maior que a do ser humano. Um super caçador!

O Gripen pertence a uma nova geração de aviões de combate, multifuncionais e altamente ágil, concebido para realizar uma ampla gama de missões operacionais.  O layout aerodinâmico avançado do Gripen combina uma asa delta com o estilo canard, e faz uso extensivo de materiais avançados e técnicas de construção. Para reduzir peso e maior durabilidade de cerca de 20% em peso da estrutura da célula é fabricado a partir de materiais compostos de fibra de carbono. Um super caça!


FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações. 

Winston Churchill 





sábado, 11 de outubro de 2014



DIA DAS CRIANÇAS 2014
Neste Dia das Crianças, volto à história das pescarias porque encontrei uma foto que ilustra aquela crônica e ainda retrata as minhas crianças, Pedro (40) e Frederico (39), com seus bambuzinhos à beira do laguinho do Pasto da Carreira Comprida, em Santa Luzia. Agasalhos Adidas, bem na moda!



Os dois foram crescendo felizes – espero! -, transformaram-se em homens fortes e responsáveis e casaram-se com excelentes mulheres: a Luciana, do Pedro; e a Adriana, do Frederico. Estes me deram dois lindos netos, Rafael e Iara.


Todos aqui retratados formam um conjunto familiar que não poderia faltar no registro dessas minhas histórias.

 
 E viva a vida!                     

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“A música me deu tudo e eu não correspondi. Perdoe-me, querida.” Roberto Brandão

















sábado, 4 de outubro de 2014

IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO
Já se passarem 60 anos da data em que foi comemorado o quarto centenário da cidade de São Paulo, 1954.
Para nós, que lá morávamos na Rua Teodoro Sampaio, 316 Apto. 6, esquina de Arruda Alvim, no bairro Pinheiros (foto abaixo), foi um ano de muita festa e diversos eventos, com a inauguração do Parque do Ibirapuera, onde foi instalado o 1º. Salão do Automóvel, com a exibição dos carrões americanos e europeus e, entre os exemplares brasileiros, somente a Kombi e o caminhão FNM, se não me falha a memória.
Junto com o Parque veio a Bienal, naquele prédio estranho como no feitio de um ovo emborcado, surpreendentemente, com diversos andares que se interligavam por rampas abertas no seu interior. Modernismo autêntico!
Eram tantas as atrações que não queríamos perder nenhuma. Lúcia, minha irmã, e eu estudávamos no horário da manhã, no Ginásio Castro Alves, bem pertinho de casa. À tarde nos aprontávamos para mais um passeio ao Ibirapuera.
Na mesma ocasião, realizou-se a 1a. UD - Feira de Utilidades Domésticas, instalada num pavilhão ao lado do Salão, apresentando somente produtos importados: fogões, máquinas de lavar roupa e louça, ferros elétricos, ventiladores, rádios elétricos e de pilhas, televisores p&b  - cuja maior tela era de 21 polegadas -, geladeiras, liquidificadores, batedeiras de bolos,  aquecedores a gás para cozinha e banheiro e mais um sem número de quinquilharias para a cozinha, que nem sabíamos para que serviam. Naquela época, não existia uma indústria brasileira e foi em São Paulo, dali pra frente, que começou a instalação do maior parque industrial do país.
Nossa televisão, da marca SEMP, que papai e mamãe haviam trazido dos Estados Unidos em 1951, transformou nosso pequeno apartamento num verdadeiro centro de atração para a vizinhança. Eles chegavam de todos os lados: do nosso prédio, da rua em frente, enfim, de todo o quarteirão, para o que ficou convencionado chamar de "televizinhos". A programação da tv era composta por filmes americanos, desenhos animados e alguns programas de auditório ao vivo, claro, montados nos estúdios da TV Tupi, no alto do Sumaré, também muito  perto lá de casa.
Naquele ano, a famosa Corrida de São Silvestre, disputada nas ruas de São Paulo na madrugada de 31 de dezembro para primeiro de janeiro, foi vencida por Emil Zatopek, cognominado como "a locomotiva tcheca".
Era um tempo bom aquele, de total inocência e de muita vontade de viver, que ficou conhecido pelas gerações posteriores como "Os anos dourados".
The times they are a changing, como já dizia Bob Dylan.
Belo Horizonte, setembro/2014
rhbrandao@gmail.com
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Foi a infância da minha velhice. Fernanda Torres, no romance Fim



Esquina da saudade, Teodoro com Arruda Alvim
                  Meus amigos de São Paulo, na época do IV Centenário, Zezé e Marília
             Ruy, Ná e Zezé
           Jalil, Geninho e Robertão