sábado, 28 de fevereiro de 2015

MAIS FELLOWS –Agora, no EQUADOR
No Equador, começamos em Guaiaquil, no litoral Pacífico, uma série de seminários para conhecer a diversa cultura local. O povo andino, raça mesclada entre índios e espanhóis, fez nascer uma população de traços bem marcantes, pele ruça e queimada, que, através da raça incaica,  formou na América Andina um conjunto de grandes civilizações que ia do norte do Chile até o sul da Colômbia.
No tempo da conquista, a região foi anexada ao Império Colonial Espanhol e foi dividida em Capitania Geral do Chile, Vice-Reino do Peru -  composto por Peru e Bolívia - e o Vice-Reino de Nova Granada, composto pela Venezuela, Equador e Colômbia. Após as independências, aqueles países andinos tiveram o mesmo rumo de todos os outros países da América Latina, com democracias frágeis e mal-consolidadas, além de uma economia basicamente primário-exportadora.
Uma das lembranças ao sairmos do hotel, numa praça central de Guaiaquil, é que costumávamos brincar com enormes iguanas, que por lá normalmente transitam livres, subindo em árvores e passeando entre as pessoas. Algumas se alimentam também, com sementes e cascas que os passantes lhes oferecem. É o selvagem e o civilizado convivendo harmonicamente. Lembro-me ainda de um típico restaurante de frutos do mar, chamado Juan Salvador Gaviota, onde saboreamos deliciosos camarones y cangrejos à beira-mar.
De Guaiaquil, subimos pelos contrafortes dos Andes para a cidade de Cuenca e de lá para Quito, onde tivemos a oportunidade de ficar com um pé no hemisfério sul e o outro no hemisfério norte, em visita à linha do Equador, demarcada próxima à Capital. Lá, conhecemos também a majestosa primeira igreja jesuíta das Américas, com uma exuberância incomparável em ouro e prata. 
Aquele belo país marcou nossa visita pela excelente hospitalidade e extrema cordialidade de seu povo, além de suas saborosas comidas. Foi uma ótima temporada!
Adiós amigos!
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

“Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira.” Manoel de Barros

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

                               TRIBUTO AOS FELLOWS (primeira parte)
Vou começar a contar esta história de trás para frente. Na Jamaica, passei como um relâmpago. A ilha, um misto de colonização anglo-hispânica, é de um romantismo intenso. Em Ocho Rios, iniciamos nosso seminário de encontro dos veteranos bolsistas dos Fellows, programa patrocinado pela Fundação Kellogg aos líderes dos comitês hemisféricos do programa Partners of the Américas. De lá para Kingston, a capital, saímos com a incumbência de transformar nossas experiências numa ação multiplicadora dos conhecimentos adquiridos para aplicação em nossos países de origem. Cada um dos bolsistas, naturalmente, buscaria a melhor forma de aplicar a experiência internacional adquirida durante os seminários.
Era uma lição contínua de vida  e até aprendemos a dançar as canções típicas de cada lugar. É isto mesmo, uma vivência internacional pressupõe que você se identifique com o país visitado em todos os sentidos. Primeiro, conhecendo a sua gente, os seus hábitos e costumes, a comida local, tudo dentro daquele território tão extenso quanto variado entre as três Américas. Assim, o merengue, a rumba, o reggae, as guarañas, o tango e o samba nos foram apresentados na sua melhor origem e com as mais perfeitas interpretações de cada banda local. Alguns dos fellows conseguiram até fazer um bom samba no pé; outros, um requebro gostoso do merengue e mais alguns ainda se identificaram com um performático tango, dançado como nas casas noturnas de Buenos Aires.
Ninguém pode imaginar o que vale uma experiência dessas. De como saímos muito melhores e maiores do que quando lá entramos, com um traquejo formidável na convivência internacional, um desembaraço total ao nos expressarmos nas outras línguas, o português, o inglês e o espanhol, enfim, tornamo-nos pessoas do mundo hemisférico. É incrível como ficamos tão próximos, embora fôssemos tão distantes.
Quando um de nós se apresentava com sua vestimenta típica, por exemplo, uma guaiabera,  modelo de camisa próprio de quase todas as ilhas caribenhas, ou mesmo, com um imenso sombrero mexicano, destacando-se sobre os demais bonés, toucas e bandanas, e até com as nossas legítimas havaianas, que acabaram fazendo parte obrigatória de todas as bagagens dos fellows, era uma confraternização alegre e festiva.
Foram quatro anos de uma mistura de coisas e pensamentos que nos envolveram, tornando-nos amigos inseparáveis pelo resto de nossas vidas. Na verdade, somos todos iguais, cada um com suas origens e raízes, mas todos com o mesmo sentimento universal da boa convivência e da compreensão mútua.
God bless the Fellows.
Belo Horizonte, fevereiro/2015
rhbrandao@gmail.com
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
"Mulheres são como saquinhos de chá. Você nunca sabe o quanto elas são fortes até colocá-las na água quente." Eleanor Roosevelt


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

                                         
O MELHOR CARNAVAL DA MINHA VIDA.
Às vésperas de um Carnaval de antigamente, fui convidado por um amigo para, junto com o irmão dele, descermos para Santos para participar da folia. Fiquei sem saber o que fazer, pois andava muito duro, com poucas aulas de violão e nenhum bico, mas ele, então, arrematou: "Não se preocupe. O papai  alugou um apartamento na praia do Gonzaga e, como já tirei a "carta" (carteira de habilitação para os paulistas), liberou o carrão dele para irmos bem montados. Era um carrão americano, zerinho, pintura metálica e conversível.
Uau! pensei comigo, - aí é demais! Vou de qualquer jeito. Combinamos dia e hora e os dois passaram lá em casa na manhã de sábado, já com a capota arriada, de bermudas e camisetas coloridas, a fim de irmos anunciando, para quem quisesse ver, que estávamos saindo para o Carnaval na praia. Descemos a Teodoro Sampaio e logo pegamos a Avenida Rebouças para mostrar mesmo qual era a nossa intenção, pois todos nossos amigos moravam naquela vizinhança e a exibição era proposital. Já na Via Anchieta, novíssima e totalmente congestionada, começamos a montar a programação que versava sobre diversos assuntos: mulheres, damas, senhoritas, brancas, negras, amarelas, mulatas, jovens, estudantes, solteiras, noivas, casadas, viúvas, altas, baixas, gordas, magras, enfim, só mulheres, mulheres e mulheres...  Imaginem três boas pintas, apartamento na orla da melhor praia de Santos, carro de milionários, muito saudáveis, com super disposição e libido juvenil incontrolável, não podia dar outra.
Uma hora de estrada e entramos na cidade ensolarada, que mostrava alguns animados sambistas da periferia até a praia, onde já se formava um enorme "corso" na avenida.  Para quem não sabe, o corso era uma fileira de carros que acompanhava os carnavalescos por um determinado trajeto e, pelo caminho, iam aparecendo blocos e conjuntos musicais que se plantavam em determinados pontos para fazer o som da festa. Nada de alto-falantes, música eletrônica, nada disso.
A gente descia do carro, fazia umas firulas para chamar a atenção do nosso público-alvo, uns beijinhos, e assim marcávamos presença, arrastando atrás do carrão as mais oferecidas. Tarde da noite, com uma legião de fãs nos acompanhando e já próximos do prédio onde estávamos hospedados, era só apontar para as mais chegadinhas e convidar para um whiskinho com gelo. Beleza pura!
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística.” Josef Vissarionovitch Stalin

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Ó TEMPORA! Ó MORES!
Numa manhã gelada, descemos do carrão do Arthur - um Buick estalando de novo -, em frente à estação ferroviária de Highland Park, para mais um dia de trabalho no escritório dele em Chicago, Ill, USA.
Numa viagem de quarenta minutos e já estávamos na estação central do subway para embarcarmos num traslado quinze minutos até a estação down-town, aonde descíamos e seguíamos a pé por mais dois quarteirões até o enorme prédio que abrigava a Chapman, Lawyers and Consultants, no 23º andar.
Nossa rotina de trabalho era como a que eu seguia aqui no Brasil, trabalhando com meu tio e padrinho, o advogado Dr. Manoel Hermeto, no escritório da Av. Afonso Pena, em Belo Horizonte/MG. Só que, lá, somente no trajeto demorávamos uma hora e meia entre trens, metrôs e caminhadas e aqui, eu pegava o trólebus na Cidade Jardim, descia na Av. Amazonas e mais 50 passos já estava dentro do elevador do Ed. Araújo Silva.
Nos fóruns, tanto o de lá como o de cá, os procedimentos eram os mesmos: retirada de ações com suas referências numéricas, um escrevente subia uma escada e catava a ação pleiteada, assinávamos a contrafé do recebimento e com a dita-cuja na pasta voltávamos para o escritório para seu exame e providências cabíveis.
Só que naquela data, 1965, já estavam sendo instalados nos cartórios judiciais dos Estados Unidos, os primeiros computadores para arquivamento das ações. Os computadores ocupavam uma área contígua à sala do cartório, com seus armários imensos em metal, uns conectados aos outros, que se estendiam por todas as quatro paredes da área, de uns 150 metros quadrados, talvez.
É inacreditável pensar nisto hoje, quando os computadores que portamos estão menores do que maços de cigarros e carregam milhares de informações em suas memórias. E lá se vão apenas 50 anos!
Belo Horizonte, fevereiro/2015.
rhbrandao@gmail.com
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

"Enquanto os sábios discutem as incertezas, os imbecis atacam de surpresa."  Millôr Fernandes.