terça-feira, 28 de julho de 2015

BELO HORIZONTE FLORIDA
Desculpem-me a filosofia barata, mas as flores são a maior alegria visual da vida. E Belo Horizonte está nos proporcionando uma alegria diária ao nos embrenharmos por suas ruas e avenidas. Aqui, ao lado da Toca, por exemplo, na Praça da Liberdade, é uma exuberância de ipês rosas em todos os seus lados. Faço questão de passar por lá toda vez que vou à rua.
E as avenidas Brasil e Getúlio Vargas estão uma beleza! A Contorno, então, uma joia!
Os administradores municipais dos parques e jardins estão de parabéns pela quantidade de ipês que espalharam pela cidade na sua área central. Só não sei como anda a periferia.
Lembro-me de que, numa manhã, nos Estados Unidos, acordei em Washington e era o dia da floração das cerejeiras. Um encanto! Lá, a cidade permanece florida por um período maior , pois aqui os ipês começam a desfolhar em dois ou três dias.
Muito altos, é impossível colher flores dos ipês, assim catei no chão da Praça umas pétalas para levar para minha tia Marina, 98, na visita semanal que faço a ela aos domingos, a troco de um cafezinho e um pedaço de bolo preparado pela Jandira.
Cuidadosamente, ela espalhou as pétalas pela casa fazendo um caminho para eu passar, como num agradecimento à minha esperada visita domingueira. Senti-me como um rei, passeando sobre as pétalas rosas como os romeiros naquelas procissões da Ressurreição de Corpus Christi por todas as cidades do interior mineiro. Aí, comecei a entender a intenção dos que acompanham as procissões. Realmente, é um ato de reverência e amor àquele que respeitamos e amamos de uma maneira especial. 
Mutatis mutandi, como diriam meus colegas, é como me sinto com relação à minha tia Marina. Caminhei sobre as pétalas para fazer uma homenagem a ela, que merece tudo. Um beijo, querida.
Belo Horizonte, julho/2015.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
A poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi. Oswald Andrade



segunda-feira, 20 de julho de 2015

UM ACESSÓRIO CURIOSO E EXTRAVAGANTE
No outro dia, fui a um casamento do filho de um amigo e me encontrei com um bom e relativamente novo amigo que tinha um hábito diferente, ou melhor, uma mania meio estranha, até, quem sabe um vício incontrolável.
A cerimônia do casório ocorreu numa igreja diferente, da qual não me lembro o nome, bem diferente das demais igrejas católicas, Ela fica numa espécie de casa, no meio de um bairro muito populoso, e sem nenhuma referência a qualquer ambiente religioso. Não tinha torres, cruzes, crucifixos, imagens de santos, nada, mas, curiosamente, o ambiente remetia a um lugar limpo e puro que transcendia religiosidade. Os noivos me contaram, depois, que era a única igreja disponível para casamentos naquele dia.  Belo Horizonte já não é mais aquela cidade simples e roceira de alguns anos para cá.
Chamei um táxi, prevenido pela lei seca e, junto com o motorista, nos metemos a ler as placas das ruas próximas ao lugar indicado. Ufa! Felizmente, cheguei a tempo de postar-me num ponto estratégico para ver os noivos passarem sobre um tapete vermelho até o altar onde por onde  perfilaram familiares, convidados e padrinhos. Todos na maior elegância, seguindo o figurino exigido pela cerimônia, inclusive o meu amigo citado acima. Mas, ele tinha um segredo.
Mais um táxi obtido através do celular e rumei para o Minas II, local da fabulosa recepção. Quando lá cheguei, procurando um lugar para assentar-me, vejo, ao longe, o meu amigo abanando a mão, convidando-me a me juntar a eles, numa estratégica mesa do mesanino. Foi um achado.
A festa foi exuberante em todos os sentidos. Decoração do enorme salão do Minas II, com flores da estação, mesas elegantemente decoradas com toalhas finas, brancas como neve, pratos, talheres e copos como manda o figurino. Há muito, eu não aparecia num lugar tão requintado e fino. E a festa se desenrolou com um serviço primoroso, garçons e garçonetes, servindo finíssimas bebidas a gosto do freguês: cervejas, whiskies, vinhos, espumantes rosés da melhor qualidade, salgados, também finíssimos, tudo amparado por uma música de fundo com repertório bem escolhido.
E tudo correu perfeitamente, alguns casais resolveram dançar e fiquei a sós com meu amigo na mesa.
Subitamente, ele saca do bolso de dentro do terno uma embalagem de adoçante artificial e me oferece:
“Aceita um gole, Roberto?” Sem entender, agradeci e vi que ele desatarraxou a tampinha vermelha e levou o bico até a boca, dando uma golada, olhando pra mim com cara de sem-vergonha e sorrindo.  Fiquei estupefato. “O que é isto, meu amigo?”
Num sorriso matreiro ele disse: “É cachaça, Roberto, e da boa. Quer um golinho? “
Belo Horizonte, julho/2015.
FRASES PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Do menino e do borracho, Deus põe a mão por baixo. “

Dito popular gaúcho.