RECUERDOS DE SAMPA
Quando o Ronald, hoje no céu, me convidou para ir a São
Paulo para visitar a LABACE 2012 - maior feira de aviões executivos na América
Latina -, não titubeei. Pode marcar, Ronald, e vamos de
avião de carreira, pois “o nosso” está na revisão anual e com essa máquina não se brinca.
A secretária dele reservou hotel, restaurantes y otras cositas e partimos para a minha adorada
pátria adotiva. Foi uma temporada muito boa, onde
tivemos a oportunidade de conhecer mais de setenta aviões e
helicópteros, a linha mais moderna destas maravilhosas máquinas voadoras.
Combinamos com meus queridos amigos paulistas,
um encontro no restaurante A Caverna do Bugre, que já contei numa outra
crônica, mas, como faltaram algumas fotos e lembranças, quero registrar por inteiro
aquela já saudosa noitada.
O Bugre mudou muito. Antes, uma taverna
germânica com lambris e divisórias de madeira, bancos coletivos, mesas com
toalhas em xadrez vermelho e um tempero especial do Seo Alexandre para as deliciosas carnes.
Hoje, um restaurante legal, arrumadinho, mesas e toalhas normais, sem o charme
das incalculáveis noitadas de muita conversa, cerveja e violão. Naquelas noites
intermináveis, sob a proteção do Seo Manoel, garçom lusitano
carinhosamente chamado de “galego” - que tanto nos serviu e protegeu numa época
de dinheiro curtíssimo -, ficávamos repassando a semana vivida nos colégios,
nas festas, os novos
namoros e paqueras, enfim, o Bugre era uma espécie de confessionário para os
componentes daquela turma de super amigos, quase irmãos, que se encontravam
todo santo dia. O Renato magro, que infelizmente nunca mais encontrei, passava
lá em casa depois da aula, barba feita, paletó preto surrado – ele não tirava o
paletó – para darmos uma chegada até à Rua Augusta, point da jeunesse
dorée da Paulicéia
Desvairada. Atravessávamos a pé pela avenida em frente ao Hospital das
Clínicas, da qual não me lembro do nome, cruzávamos a Rebouças e, rapidamente,
nos sentávamos no Flamingo, bar então recentemente inaugurado na Augusta.
Nossas namoradinhas de plantão, a Esdraína e a Maud, pessoas formidáveis, logo
chegavam. Meávamos a conta e voltávamos para o nosso reduto na Rua Teodoro
Sampaio. Era um encontro que, muitos anos depois, passou a ser chamado de
“amizade colorida”. Coloridíssíma! Gostaria muito de me encontrar novamente com
as duas e o Renato magro.
O destino vai reservando para nós, pobres
mortais, lembranças queridas que nos acompanham pela vida afora e vão ficando
cada vez mais difíceis de serem revividas. Um dia, talvez, com muita dedicação
e vontade, como fizemos naquele noite no Bugre, colocaremos todos juntos de
novo. Estou torcendo por isto.
Naquela gloriosa noite estiveram o Zezé e a Marília, o Renatinho, irmão dele, infelizmente falecido outro dia, o Jalil, meu colega do Ginásio Castro Alves e dos basquetes do Clube Pinheiros, do ginásio própriamente dito e do Ocara Basquete Clube, clube que criamos para os jogos de fins de semana na periferia. Foram, ainda, o Robertão, a esposa e o irmão Ruy, vulgo Ruyzinho, o Geninho e o Waldir. Foi uma noite memorável.
PS. Lembrei-me de que o Dorival, inclusive,
ganhou um jantar no Bugre quando ofertou ao Seo Alexandre o desenho de uma cara de
índio, que foi emoldurado e dependurado logo na entrada do restaurante. O
desenho não está mais lá, talvez esteja abandonado em alguma gaveta na casa dos
filhos ou netos do Seo Manoel. Vou conferir!
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Independência é fazer somente o que você quer
e não fazer, definitivamente, o que você não quer. O Coiote, primeiro e único