sábado, 23 de junho de 2012

DO RIO SEMPRE BOAS LEMBRANÇAS

Num fim de semana destes, fui ao Rio para participar de um Seminário promovido pelos Partners of the Américas, denominado “Brazil Connect 2012”. Uma ótima oportunidade de reviver as delícias do Rio, apesar da chuva constante, do frio e da jornada rigorosa do evento. Lá, sempre vale a pena, pois o astral é soberano.
Logo na chegada ao hotel, Rio Othon Palace, em plena Avenida Atlântica, vêm as lembranças do menino que morava numa pensão da Rua Constante Ramos, nos anos 1940, ali pertinho. Saio para dar uma volta nostálgica e me recordo de que a Avenida Atlântica tinha uma só pista, entre os passeios decorados com ondas na praia e os prédios ainda insipientes do lado continental. Uma simplicidade contrastando com as quatro pistas do aterro de hoje, onde, ainda viva, a Cantina do Lucas faz presença no Posto Seis. Na época, era, talvez, o único restaurante à beira-mar na famosa praia. Lembro-me de que uma única vez entramos no restaurante, num domingo, para um almoço rápido. Era muito caro para o papai, primeiro tenente médico do Exército Brasileiro. Recordo-me que pedimos macarrão, bem baratinho. De qualquer maneira, entrávamos pela primeira vez num restaurante, a Lúcia e eu, que marcamos aquele momento como um dos mais felizes de nossa infância carioca.
Mais uns metros e cheguei à Avenida Nossa Senhora de Copacabana, onde passeávamos, aos domingos, até o Lido. Bons tempos aqueles quando a cidade não conhecia drogas nem bandidos.
De uma outra feita, já casado e em férias num hotel, em Ipanema, resolvemos dar uma volta na praia, como todo bom mineiro, para ver e sentir o mar. Depois de uma voltinha, sentamo-nos num banquinho de pedra e começamos a sonhar com a aposentadoria, de como seria bom morar no Rio, já mais velhos. A cidade é ideal para esta fase da vida onde, só de sair de casa para a rua, já se faz um programa. Decidimos, naquele ímpeto, garantir uma aposentadoria feliz e repousante, comprando um apartamento na cidade. Procuramos um corretor de imóveis que nos indicou um funcionário, Sr. Leão, para ser nosso atendente em busca do sonhado apê.  Com isto, viajei diversas vezes ao Rio para ver as opções que surgiam, e que não nos atendiam. Até que, num belo dia, ele me ligou meio sem jeito, dizendo que havia arrumado um apartamento novo, zero km, que ficaria pronto no meio do ano, só que não era na quadra da praia, como os cariocas denominam os imóveis de frente para o mar. Disse-me que estava meio sem graça em me oferecer, mas, de qualquer forma, queria tentar. Aí, perguntei a ele: E está muito longe da praia, Seo Leão?
Ah, doutor, está a uns quatro quilômetros mais ou menos, respondeu ele, todo encabulado. Puxa, Seo Leão, eu moro a 450 km da praia e se for possível chegar a cinco, vai ser ótimo!
E ele muito animado, marcou dia e hora para a visita. Resultado: compramos o apartamento no Jardim Botânico e lá habitamos nas férias e em outras oportunidades, durante quinze anos. Foi uma ótima compra que serviu muito bem aos meus filhos e a toda a família.
Hoje, aposentado e passeando pelas ruas de Copacabana, lembrei-me da história e andei mais uns quarteirões para voltar ao hotel a tempo da primeira palestra. Não, sem antes, comer uns camarões fritos empanados e tomar um chope gelado (b&w, o carioca) num restaurante à beira-mar.
Assim, durante dois dias permanecemos fechados num dos salões de convenções do excelente hotel até o final da maratona, que culminou com um jantar, no sábado, no restaurante Marius, no Leme. Esse restaurante foi onde, tempos atrás, o Juarez e a Ana Lúcia, padrinhos do Pedro, meu filho, nos ofereceram um almoço de despedida, às vésperas da ida dele, pela primeira vez, aos Estados Unidos. Era uma churrascaria convencional, de rodízio, com decoração bem feita e sem maiores novidades. No entanto, o Marius de hoje é uma loucura! A decoração é um museu de antiguidades dependuradas à farta por todo o teto, com milhares de peças de carros, pratos, copos, batinas antigas, alambiques, moedores de café, tacos de golfe, luvas de boxe, instrumentos musicais, enfim, uma babilônia impossível de descrever. Vale a pena conhecer e saborear as deliciosas carnes, molhos e temperos do requintado bufê do Marius, onde comemos até ovas de atum imitando o famoso caviar Molossol.
Ah! Para o Dia das Mães, domingo, dia 13, comprei um relógio de cabeceira para a tia Marina.
No Rio de Janeiro, em 13/05/2012

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“O cara só é sinceramente ateu quando está bem de saúde.”
Millôr Fernandes





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