domingo, 6 de outubro de 2013


MAIORIDADE PENAL?

Discute-se hoje um tema que vem preocupando gerações e mais gerações, pois a cada

dia as crianças vão se tornando cada vez mais maduras em menor tempo. Pensando nisto, fiz uma regressão aos meus tempos de infância e comecei a me lembrar como eram e que brinquedos e brincadeiras encantavam a nossa geração. Eram bem toscos, fabricados por nós mesmos ou pelos pais, tios ou avós: patinetes, rolimãs, bola de gude, bente-altas (bola de meia), finca (faca de cozinha), amarelinha (marcada com giz ou carvão), cabra-cega (venda com meia velha), pegador (correria de rua com o pique nos poste), passa-anel, boneca (de pano, feita em casa), rolimã, pião, bodoque, chicotinho queimado e pula corda.

Com papel, então, fazíamos de tudo: aviõezinhos, barquinhos, pagagaios (pipas), origamis. Recortávamos, dobrávamos, desenhávamos e inventávamos tantos outros. Mal sabíamos que aqueles brinquedinhos inocentes e inofensivos estavam prolongando nossas deliciosas infâncias ad infinutum. Como éramos felizes e bem sabíamos!

Lúcia, minha irmã e eu, então, dispúnhamos de uma antiga (na época, nova) máquina de costura Singer da mamãe, com as gavetas cheias de retroses, botões de todos os tipos e cores, alfinetes de mola, agulhas rombudas de todas as medidas, que possibilitavam uma série enorme de brinquedos e brincadeiras que nos mantiveram inocentemente distraídos por anos a fio. E olhe que nós morávamos em cidades pequenas naquela época, como Ijuí e Cruz Alta no Rio Grande do Sul, mas, também, aprontávamos com aqueles brinquedos, correndo saudáveis pelas ruas e avenidas em cidades bem maiores como as capitais Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio e São Paulo.

Lembro-me de que, soltando papagaio (pipa) na Rua Bernardo Guimarães em Belo Horizonte, saí correndo pelo meio da rua e bati com a cabeça num poste de ferro. Desmaiei e fui acordar na cama da casa da vovó, com uma junta de tios, minha avó e a empregada Natalina ao meu redor aplicando compressas quentes e demonstrando preocupação. Era um tempo da inocência, sem dúvida!

Já nas últimas décadas - talvez de 1960 para cá -, aquelas inocentes crianças foram ficando maduras mais prontamente, com uma variedade enorme de brinquedos elétricos e eletrônicos que já as remetiam para uma vida cheia de comparações, de concorrências, de exibições, de competições e que as amadureciam mais depressa.

Daí, afinal, a pertinência dessa discussão: ou o poder público resgata energicamente a segurança para as crianças voltarem a brincar nas ruas ou diminuímos a idade limite para considerá-las maiores.

À consideração dos leitores.

Belo Horizonte, setembro/2013.

 

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS

O ignorante é um auto-didata por conta própria.


Mário Quintana

 

 

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