MAIORIDADE PENAL?
Discute-se hoje um tema que vem
preocupando gerações e mais gerações, pois a cada
dia as crianças vão se tornando
cada vez mais maduras em menor tempo. Pensando nisto, fiz uma regressão aos meus
tempos de infância e comecei a me lembrar como eram e que brinquedos e
brincadeiras encantavam a nossa geração. Eram bem toscos, fabricados por nós
mesmos ou pelos pais, tios ou avós: patinetes, rolimãs, bola de gude,
bente-altas (bola de meia), finca (faca de cozinha), amarelinha (marcada com giz
ou carvão), cabra-cega (venda com meia velha), pegador (correria de rua com o
pique nos poste), passa-anel, boneca (de pano, feita em casa), rolimã, pião,
bodoque, chicotinho queimado e pula corda.
Com papel,
então, fazíamos de tudo: aviõezinhos, barquinhos, pagagaios (pipas), origamis.
Recortávamos, dobrávamos, desenhávamos e inventávamos tantos outros. Mal
sabíamos que aqueles brinquedinhos inocentes e inofensivos estavam prolongando
nossas deliciosas infâncias ad infinutum.
Como éramos felizes e bem sabíamos!
Lúcia,
minha irmã e eu, então, dispúnhamos de uma antiga (na época, nova) máquina de
costura Singer da mamãe, com as
gavetas cheias de retroses, botões de todos os tipos e cores, alfinetes de
mola, agulhas rombudas de todas as medidas, que possibilitavam uma série enorme
de brinquedos e brincadeiras que nos mantiveram inocentemente distraídos por
anos a fio. E olhe que nós morávamos em cidades pequenas naquela época, como Ijuí
e Cruz Alta no Rio Grande do Sul, mas, também, aprontávamos com aqueles brinquedos,
correndo saudáveis pelas ruas e avenidas em cidades bem maiores como as
capitais Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio e São Paulo.
Lembro-me
de que, soltando papagaio (pipa) na Rua Bernardo Guimarães em Belo Horizonte , saí
correndo pelo meio da rua e bati com a cabeça num poste de ferro. Desmaiei e
fui acordar na cama da casa da vovó, com uma junta de tios, minha avó e a
empregada Natalina ao meu redor aplicando compressas quentes e demonstrando
preocupação. Era um tempo da inocência, sem dúvida!
Já nas
últimas décadas - talvez de 1960 para cá -, aquelas inocentes crianças foram ficando
maduras mais prontamente, com uma variedade enorme de brinquedos elétricos e
eletrônicos que já as remetiam para uma vida cheia de comparações, de
concorrências, de exibições, de competições e que as amadureciam mais depressa.
Daí, afinal,
a pertinência dessa discussão: ou o poder público resgata energicamente a
segurança para as crianças voltarem a brincar nas ruas ou diminuímos a idade
limite para considerá-las maiores.
À consideração dos leitores.
Belo Horizonte, setembro/2013.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
O ignorante é um
auto-didata por conta própria.
Mário Quintana
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