sábado, 19 de julho de 2014

                                          Foto google
FINS DE TARDE MELANCÓLICOS
Chegando à EPAMIG, pela manhã, deparei-me com uma cena inusitada: um suposto casal de tucanos, sobrevoando, lado a lado, o Parque da Matinha, nosso vizinho. A cena lembrou-me uma reportagem recente sobre a agressão que as árvores de rua vêm sofrendo nas grandes cidades. 
Recentemente, fizeram uma poda radical nos belíssimos ficus australianos da Av. Bernardo Monteiro, aqui em Belo Horizonte, visando o combate a um inseto - tipo "praga" -, que vinha destruindo suas copas. Ora, será que a ciência insetívora ainda não conseguiu um remédio para liquidar essa peste sem ter que decepar as pacientes? Das super árvores restaram somente seus imensos troncos com poucos galhos desprovidos de folhas e ramos. Uma lástima!
Quando menino, eu morava ali perto e a Av. Bernardo Monteiro já exibia suas maravilhosas árvores, que sombreavam nossas brincadeiras. O jardim de terra batida do seu entorno transformava-se ora em campo de bente-altas, para as disputas com as bolas feitas com as meias de nylon da tia Marina, ora abrigava nossas disputas de finca, com as facas de cozinha da vovó. Servia ainda de tabuleiro para os buracos do jogo de gude, com as bolinhas de vidro que o tio Tonico comprava no Mercado Central. Aquelas árvores serviam também de esconderijo, atrás de seus enormes troncos para as brincadeiras de pique e esconde-esconde, nos anos 1940, quando os bondes abertos cruzavam os precários corredores dos bairros Serra, Cruzeiro, Funcionários, Floresta e Santa Efigênia, numa cidade de, no máximo, 200.000 habitantes. Ah! E havia um bondinho também para a linha Lagoinha/Cachoeirinha, cujo ponto final era onde é hoje o Conjunto do IAPI. A Pampulha não existia.
A reportagem citada ainda registra que, com a eliminação das árvores, somem também os pássaros que delas se alimentam e é onde se abrigam.
É uma pena, pois nossos finais de tarde estão mais melancólicos sem os gorjeios dos bandos de maritacas, pardais e tico-ticos, que revoavam sobre as copas das árvores para seus abrigos noturnos.
Acredito que os tucanos talvez estivessem voando à cata das frondosas árvores da Bernardo Monteiro, pois voavam naquela direção!



FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
"O homem pode acreditar no impossível, mas nunca acreditar no improvável". Oscar Wilde (1854-1900)

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