FINS DE TARDE MELANCÓLICOS
Chegando à EPAMIG,
pela manhã, deparei-me com uma cena inusitada: um suposto casal de tucanos, sobrevoando,
lado a lado, o Parque da Matinha, nosso vizinho. A cena lembrou-me uma
reportagem recente sobre a agressão que as árvores de rua vêm sofrendo nas
grandes cidades.
Recentemente,
fizeram uma poda radical nos belíssimos ficus
australianos da Av. Bernardo Monteiro, aqui em Belo Horizonte, visando o
combate a um inseto - tipo "praga" -, que vinha destruindo suas
copas. Ora, será que a ciência insetívora ainda não conseguiu um remédio para
liquidar essa peste sem ter que decepar as pacientes? Das super árvores
restaram somente seus imensos troncos com poucos galhos desprovidos de folhas e
ramos. Uma lástima!
Quando menino, eu
morava ali perto e a Av. Bernardo Monteiro já exibia suas maravilhosas árvores,
que sombreavam nossas brincadeiras. O jardim de terra batida do seu entorno
transformava-se ora em campo de bente-altas, para as disputas com as bolas
feitas com as meias de nylon da tia Marina, ora abrigava nossas disputas de
finca, com as facas de cozinha da vovó. Servia ainda de tabuleiro para os
buracos do jogo de gude, com as bolinhas de vidro que o tio Tonico comprava no
Mercado Central. Aquelas árvores serviam também de esconderijo, atrás de seus
enormes troncos para as brincadeiras de pique e esconde-esconde, nos anos 1940,
quando os bondes abertos cruzavam os precários corredores dos bairros Serra,
Cruzeiro, Funcionários, Floresta e Santa Efigênia, numa cidade de, no máximo,
200.000 habitantes. Ah! E havia um bondinho também para a linha
Lagoinha/Cachoeirinha, cujo ponto final era onde é hoje o Conjunto do IAPI. A
Pampulha não existia.
A reportagem citada
ainda registra que, com a eliminação das árvores, somem também os pássaros que
delas se alimentam e é onde se abrigam.
É uma pena, pois
nossos finais de tarde estão mais melancólicos sem os gorjeios dos bandos de
maritacas, pardais e tico-ticos, que revoavam sobre as copas das árvores para
seus abrigos noturnos.
Acredito que os
tucanos talvez estivessem voando à cata das frondosas árvores da Bernardo
Monteiro, pois voavam naquela direção!

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
"O homem pode acreditar no impossível, mas nunca acreditar no improvável". Oscar Wilde (1854-1900)

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