sábado, 27 de setembro de 2014

AS PESCARIAS DA VIDA
Desde pequenos, meus filhos, Pedro e Frederico, se interessaram por pescaria. Em toda oportunidade que aparecia, pegávamos nossas varinhas de bambu e nos embrenhávamos na mata em busca ou de um córrego ou riacho, para pescar.

Fazenda Boa Esperança em Santa Luzia/MG, em 1947
Tudo começou em Santa Luzia, cidade vizinha de Belo Horizonte. Lá, frequentávamos a Fazenda Boa Esperança da família Andrade, onde o Dr. Célio tinha uma gleba.  Era o programa de fim de semana. Juntávamos nossas roupas de mato, botinas, bonés, espingarda de chumbo e canivetes e partíamos para o saudável lazer.
Naquela época, pescávamos num laguinho no Pasto da Carreira Comprida, onde os meninos costumavam se emocionar ao fisgar uns lambarizinhos de 3 a 4 centímetros, com iscas de minhocas, catadas ali mesmo. Ainda arriscávamos alguma pescaria, muito sem graça, num córrego que corria no fundo da casinha de campo, que havia construído naquelas plagas. No Rio das Velhas, limítrofe da fazenda, nunca ousamos.
O tempo foi passando e numa tarde em Cabo Frio, à beira do Canal, decidimos arriscar uma pescaria em água salgada. Imaginamos a dificuldade, o tamanho maior dos peixes, e fomos animados comprar o equipamento, composto de varas profissionais com carretilha, linha mais grossa e anzóis próprios. No Mercado dos Peixes, debaixo da ponte, compramos também pequenos camarões como iscas.
Postamo-nos na encosta, ao lado da ponte, e ficamos banhando dúzias de camarões até que o Pedro, num lance, fisgou o primeiro peixe. Excitadíssimo, puxou-o para a margem. Parecia uma garoupa de uns 10 cm. Diferente dos pescadores de verdade que anunciam o peso do peixe, só podíamos informar o tamanho deles, pois não pesavam quase nada. Logo depois, o Frederico também puxa outro, que parecia uma pequena sardinha. Estou inventando o nome dos peixes, pois, não entendo nada disso. Aliás, não entendo nada de coisa nenhuma.
Assim, passamos uma tarde agradabilíssima. Voltamos para casa com o samburá cheio de peixinhos de água salgada e eu disse aos meninos: Vou fritá-los como tira-gosto para o jantar. Esses peixinhos são bons porque são fáceis de preparar: abre-se a barriga deles, retiram-se as entranhas, tempera-se com sal, limão, pimenta-do-reino e torra-se no azeite. Uma delícia!
O tempo continuou passando, inexorável, e quase não pescamos mais juntos até que, na semana passada, recebo do Frederico a foto com o resultado da tarde de sábado, num Pesque&Solte de Pedro Leopoldo.
 Que tal? E o peso: 18,5 kg.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS 
Viajar é a única coisa que você compra e que te deixa mais rico.” (Anônimo)


domingo, 21 de setembro de 2014

HIDRA, POROS E AEGINA
Embarcamos num navio pequeno, quase um iate, para um passeio pelas ilhas gregas de Hidra, Poros e Aegina, bem fronteiriças ao Pireu, porto de Atenas. Era uma linda manhã mediterrânea, céu azul e bem claro, poucas nuvens. A embarcação servia de transporte para os habitantes das ilhas, portanto, não era um barco turístico, e essa convivência com o povo da terra é muito interessante, mesmo que por breves momentos.
Na minha condição de estrangeiro, podia até reparar mais um pouco nas pessoas e seus hábitos, na sua maneira de ser no dia-a-dia, sem ofendê-los.
Observei que os gregos - o povão - são muito humildes em tudo; por exemplo, aqueles simples lavradores em suas pequenas propriedades, ali em Poros, uma das ilhas que, talvez, tenha um dos maiores cultivos de pistache do mundo, pois todas as árvores são desse fruto que é muito gostoso principalmente se consumido fresquinho, no pé. Lá, também devem ter o hábito de convidar os amigos e vizinhos para comer pistache no pé, como aqui em Sabará na época das jabuticabas. Será?
Já na primeira ilha, Hidra, a maior delas, muitos velhos, homens e mulheres sentados à porta de suas casas, embrulhados em colchas sobre as roupas, pois já era dezembro e o inverno havia chegado pra valer. Aquela gente ficava ali o dia inteiro desfiando terços de enormes contas e murmurando suas rezas. Só se via o movimento dos lábios e os dedos correndo pelas contas numa atitude curiosa, demonstrando fé inabalável na oração, com os olhos semicerrados. Muito esquisito! Enquanto isso, os jovens - todos pescadores, condição principal de quase toda a população mediterrânea -, lançavam suas enormes redes a poucos metros das praias de pouca areia e muita pedra, expondo logo os cardumes variados de diversas espécies de peixes, mais camarões, arraias e lagostas. Uma fartura!
Brincamos que mais tarde iríamos jantar uns daqueles, num dos restaurantes no Pireu. Passeamos por toda a ilha, subindo morros em estradas rústicas de terra e areia, observando uma gente perdida naquele fim de mundo.
Aegina, a menor das ilhas, nos proporcionou um bom almoço com moussaka e ouzo, e mais um passeio pela bela orla praieira.
Belo Horizonte, agosto/2014.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS  
"Quando eu era um garoto de 14 anos, meu pai era tão ignorante que eu mal suportava a presença do velho. Mas, quando cheguei aos 21, fiquei espantado com o quanto ele havia aprendido em sete anos." Mark Twain 



sábado, 6 de setembro de 2014

SEMANA DA PÁTRIA
Na Semana da Pátria me vem à lembrança um episódio familiar de grande orgulho para nós e com final feliz. Foi quando o Brasil aderiu aos “aliados” e habilitou-se a entrar na Segunda Guerra Mundial, compondo as forças armadas, que lutariam na Europa contra o regime nazifascista, em pleno domínio naquele continente. Morávamos em Ijuí, no Rio Grande do Sul, onde o papai era 1º. tenente-médico do Exército, e nosso tio, Antônio Dutra Ladeira, também tenente do Exército, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Lúcia e eu ficamos apavorados, imaginando que o papai poderia ir para a guerra.
Felizmente, ele não foi; mas soubemos, por uma tardia carta da tia Lulinha, irmã dele, que o tio Antônio, marido dela, este sim havia se voluntariado para compor o regimento dos “pracinhas”, que iriam para a Itália lutar na Força Expedicionária Brasileira. Lembro-me de que o papai louvou o gesto do cunhado, porque ele mesmo não iria nem convocado, nem amarrado.
Lúcia e eu éramos muito pequenos, mas a importância da GUERRA era um assunto que dominava todas as rodas, até a das crianças.
Soubemos do embarque do tio Antônio num destroyer da Marinha do Brasil, no porto do Rio de Janeiro. Ele e os heróis antecipados seguiram para uma luta que não era a nossa; muito menos, deles.
Certo dia, ainda em Ijuí, recebemos a notícia da volta dele, promovido a capitão, são e salvo e do fim daquela guerra absurda. Nossas preces devem ter tido valia, pois toda noite - quando o papai voltava do quartel e tirava as botas -, mamãe nos reunia e ajoelhávamos para rezar para que não acontecesse nada com o tio Antônio e que ele ajudasse a acabar com a guerra. Tenho certeza de que também ele, como um herói anônimo, ajudou na imposição da paz no planeta. Muito obrigado, tio Antônio, major do Exército Brasileiro.
O primeiro filho dele, o Márcio Flávio, nasceu no dia 7 de setembro. Seria uma homenagem do Criador pelo patriotismo dele?
Parabéns, Marcinho.
Em Belo Horizonte, setembro/2014

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Contra a estupidez, os próprios deuses lutam em vão.” Friedrich
Schiller (escritor alemão 1759-1805)

                  Tenente Antonio Dutra Ladeira