HISTÓRIA DE UMA
TATUAGEM
Há uns quarenta
anos, fomos passar férias de verão em Cabo Frio, como era o
costume das famílias Andrade, Braga Netto e Brandão, que se juntavam em
economias, propósitos e disponibilidades para passar uns quinze ou vinte dias à
beira-mar. Alugamos dois apartamentos num conjunto recém-inaugurado na Praia
das Dunas, local meio longe do centro turístico mas muito bem equipado com padarias, mercearias e outras
facilidades para os veranistas.
Dividíamos os
custos e as funções e nos entregávamos ao vôlei de praia, peteca e mergulhos
nas frias águas das praias do litoral fluminense e torrávamos no poderoso sol
tropical.
Como eu sempre
acordava muito cedo fiquei encarregado de comprar pão e leite e preparar o café
da manhã.
Numa determinada manhã,
para variar os produtos das padarias do bairro, resolvi buscar no centro da
cidade alguns pães diferentes, biscoitos artesanais, sucos naturais, queijos
sofisticados e outros quitutes para
oferecer um super breakfast.
Naquela andança
pela orla, fui surpreendido por um desejo que estava em mim contido desde
rapazola, que era fazer uma tatuagem. Não foi difícil. Na Praia do
Forte havia inúmeros tatuadores a escolher entre os diversos estilos e gostos
dos artistas. Escolhi um nissei que parecia
bem higiênico pelas ferramentas assépticas e bem esterilizadas num pequeno
fogareiro, ao lado da Kombi, onde oferecia seus serviços. Assim, desenhei uma
gaivota bem estilizada e marquei o lugar, no ombro, onde o japa deveria
aplicá-la. E ficou bárbara!
Na época, ainda era
um ato de rebeldia ter uma tatuagem no corpo, mas meio aventureiro como sempre
fui, topei submeter-me à hora e meia de trabalho do tatuador. Tudo bem, mas e o
café da manhã da família? Arrisquei-me a tomar várias broncas pela demora e
muito mais ainda pela ousadia de aparecer tatuado. Mas, valeu a pena.
Ainda ostento com
muito orgulho a gaivota já envelhecida e pronta para a restauração.
FRASES,
PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Escrever
e falar ajudam a tirar o nó da goela.” Fernando
Fabrinni
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