sábado, 23 de abril de 2016

HISTÓRIA DE UMA TATUAGEM
Há uns quarenta anos, fomos passar férias de verão em Cabo Frio,  como era o costume das famílias Andrade, Braga Netto e Brandão, que se juntavam em economias, propósitos e disponibilidades para passar uns quinze ou vinte dias à beira-mar. Alugamos dois apartamentos num conjunto recém-inaugurado na Praia das Dunas, local meio longe do centro turístico mas muito bem  equipado com padarias, mercearias e outras facilidades para os veranistas.
Dividíamos os custos e as funções e nos entregávamos ao vôlei de praia, peteca e mergulhos nas frias águas das praias do litoral fluminense e torrávamos no poderoso sol tropical.
Como eu sempre acordava muito cedo fiquei encarregado de comprar pão e leite e preparar o café da manhã.    
Numa determinada manhã, para variar os produtos das padarias do bairro, resolvi buscar no centro da cidade alguns pães diferentes, biscoitos artesanais, sucos naturais, queijos sofisticados e outros quitutes  para oferecer um super breakfast.
Naquela andança pela orla, fui surpreendido por um desejo que estava em mim contido desde rapazola, que era fazer uma tatuagem. Não foi difícil. Na Praia do Forte havia inúmeros tatuadores a escolher entre os diversos estilos e gostos dos artistas. Escolhi um nissei que parecia bem higiênico pelas ferramentas assépticas e bem esterilizadas num pequeno fogareiro, ao lado da Kombi, onde oferecia seus serviços. Assim, desenhei uma gaivota bem estilizada e marquei o lugar, no ombro, onde o japa deveria aplicá-la. E ficou bárbara!
Na época, ainda era um ato de rebeldia ter uma tatuagem no corpo, mas meio aventureiro como sempre fui, topei submeter-me à hora e meia de trabalho do tatuador. Tudo bem, mas e o café da manhã da família? Arrisquei-me a tomar várias broncas pela demora e muito mais ainda pela ousadia de aparecer tatuado. Mas, valeu a pena.
Ainda ostento com muito orgulho a gaivota já envelhecida e pronta para a restauração.

FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
“Escrever e falar ajudam a tirar o nó da goela.” Fernando Fabrinni



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