BENDITAS CHUVAS
Depois da secura do ano de 2012, até que enfim, as chuvas chegaram.
E, ontem, na varanda da casa do Zuza/Sônia, ficamos observando o caminho da tempestade desde o topo da Serra do Curral até o bairro Cidade Jardim, a nossos pés. Como é linda a chuva! Uma cortina de água dividindo o feio do bonito, o árido do fértil, o marrom do verde.
Daquele observatório privilegiado, fomos notando a diferença que as águas vindas do céu traziam no seu caminho. Uma forte diferença entre a morte e a vida porque o que fica para trás é desolação e abandono e o que vem com ela é criação, exuberância e vida, na sua totalidade. Quando ela chega, então, no arborizado terreno em frente à varanda, da sede do Ministério da Agricultura, bem do outro lado da avenida, é um movimento feliz e exuberante das árvores centenárias recebendo suas graças do céu.
Declaro-me um amante da chuva. Desde pequeno nas ruelas de Ijuí, achava um tempo para descalçar os sapatos e correr pelas enxurradas. E mesmo nas ruas e avenidas de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e até de São Paulo, até os dez anos de idade, ainda conseguia me esbaldar - o termo é de época -, nas águas sujas das correntezas de rua.
Quando meninos, as chuvas nos parecem muito mais prazerosas do que quando já metidos nos ternos, gravatas, meias e sapatos de couro de amarrar. É incrível, mas o prazer da farra na água era tão grande, que consigo me lembrar até dos nomes das ruas onde as enxurradas eram melhores para se aventurar. Nelas, com certeza, os bueiros deviam viver entupidos, pois viravam verdadeiros rios. No Rio, lembro-me de que a eleita era a Travessa Angrense, que liga Copacabana à Lagoa Rodrigo de Freitas. Em São Paulo , a um quarteirão de onde morávamos, a melhor correnteza era a da Rua Cardeal Arcoverde, que descia da Av. Dr. Arnaldo até a Rua João Moura. Chegávamos em casa, Lúcia e eu, como dois moleques de rua que haviam acabado de fazer uma travessura. Mamãe nos olhava com aquela cara de piedade, mandava-nos tirar as roupas ensopadas e tomar um banho quente de banheira. Ainda usava isto... Ela separava as roupinhas passadinhas e colocava em cima das nossas camas para trocarmos assim que saíssemos do banho quentinho. “Senão, vocês vão se resfriar”! Ouvi esta recomendação muitas vezes. Até hoje, quando tomo chuva e molho a cabeça, lembro-me da frase padrão. É curioso, mas, nunca fiquei resfriado nem com o nariz escorrendo. Conselho de mãe...
Belo Horizonte, janeiro/2013.
FRASES, PENSAMENTOS E AFORISMOS
Temos que agradecer a nossa idade, pois a velhice é o preço de estarmos vivos. (Desconhecido)
Um comentário:
Boa historia! Pedrão
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